Rogério Carvalho defende quebra de sigilos; Ricardo Barros diz que é ‘exagero’
O líder do PT no Senado e o vice-líder do governo no Congresso debateram sobre o inquérito que apura a organização e o financiamento de atos antidemocráticos
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo no Congresso, e o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do partido no Senado, falaram no Debate 360 desta terça-feira (16) sobre o inquérito que apura a organização e o financiamento de atos antidemocráticos. No final da tarde de hoje, dez deputados e um senador tiveram os sigilos bancários quebrados como parte da investigação.
Enquanto Barros considerou a operação “lamentável” e um “exagero”, Carvalho a viu como “legítima”. O senador petista também disse acreditar que a investigação é importante para a democracia do país, pois será “revelado quem financia e quais são os interesses por trás do financiamento de tanta notícia falsa e desinformação que faz tão mal para a sociedade brasileira”.
“Estamos acompanhando essa agilidade extrema do Supremo Tribunal Federal (STF) em prender pessoas que os ofendem e discordam do seu pensamento. Na minha opinião, caberia um pouco mais de humildade ao Supremo, no sentido de mandar arquivar pedidos que nada têm a ver com sua competência”, avaliou Barros, que foi ministro da Saúde no governo de Michel Temer.
Segundo ele, não é função da Corte decidir “como o governo informa ou não os dados da Covid-19, ou se o presidente pode ou não nomear determinadas pessoas”. Para Barros, está havendo uma “invasão de competência, um exagero do Supremo e, consequentemente, uma reação muito forte de membros do Executivo”.
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“Pediram quebra de sigilo agora em cima da operação. Deveriam ter pedido a quebra de sigilo primeiro, verificado [se houve] a quebra de sigilo, e aí sim mandar fazer busca e apreensão. Esta operação está totalmente diferente de quando qualquer cidadão comum precisa da Justiça. Está muito rápida”, argumentou Barros.
Carvalho rebateu e afirmou que exageros são os ataques recorrentes à democracia, às instituições que compõem a República brasileira, às autoridades e pessoas comuns que têm pensamento divergentes dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“O que o Supremo está fazendo é uma investigação que já tem quase um ano que está correndo e, portanto, é legítima. Agora, estamos chegando a quem financia a distribuição de notícias falsas, do pânico que está sendo gerado na sociedade, da transformação de uma instituição importante como o Exército como uma instituição apendicular da presidência da República e não uma instituição republicana”, disse.
O senador petista defendeu ainda que “agir de forma simbólica, agredindo a sede do poder Judiciário, é extrapolar e precisa ser investigado com todo o rigor, independentemente de quem fez ou de que lado essas pessoas estão”.