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    Brasil assume Presidência do G20, e Lula diz que “geopolítica não pode sequestrar” agenda do bloco

    Presidente Lula sinaliza em discurso aproximação com a posição da Rússia e da China em relação à guerra da Ucrânia

    Américo Martinsda CNN , em Nova Delhi, Índia

    O Brasil assumiu a Presidência simbólica do G20 neste domingo (10), durante a Cúpula de Líderes do bloco, em Nova Délhi, na Índia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o martelo que representa a liderança do grupo das mãos do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

    A Presidência brasileira começa oficialmente no dia 1° de dezembro, mas a reunião da cúpula, na prática, já encerra a liderança indiana.

    Veja também — Lula: Putin não será preso se vier ao Brasil

    No discurso feito durante a transferência da Presidência, Lula criticou o que chamou de “equívocos do neoliberalismo” e disse que o G20 não pode “deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias” do bloco.

    A menção sobre “geopolítica” segue a linha adotada pela China e pela Rússia com relação às duras discussões sobre a guerra na Ucrânia acontecidas durante a cúpula de Nova Délhi – e se distancia da posição adotada pelos Estados Unidos e Europa.

    A cúpula quase acabou em fracasso justamente por causa dessas discussões “geopolíticas”.

    O G7, o grupo das grandes economias liberais do mundo, os Estados Unidos e a União Europeia queriam que o bloco adotasse uma declaração final condenando a invasão da Ucrânia pelas forças russas.

    Pequim e Moscou resistiram e declararam que não aceitavam nenhuma menção à invasão – e ganharam a queda de braço, já que a declaração final não tem nenhuma palavra dura contra a Rússia e sua invasão ilegal e imotivada do território ucraniano.

    Ao se posicionar dessa forma, o presidente Lula mostra um alinhamento maior com a aliança sino-russa, e desagrada o Ocidente.

    Em sua fala, Lula também prometeu criar, no âmbito do G20, uma aliança global contra a fome e a pobreza e o que chamou de mobilização global contra a mudança do clima.

    Para que comecem a funcionar, as duas iniciativas precisam, antes, ser aprovadas por todos os membros do seleto grupo das maiores economias do mundo.

    Por fim, o presidente reafirmou as prioridades que quer dar ao grupo durante a presidência brasileira: lutar pela inclusão social e o combate à fome; defender a transição energética e o desenvolvimento sustentável nos âmbitos social, econômico e ambiental; e pregou a reforma das instituições de governança global – como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ONU e seu Conselho de Segurança.

    Lula cita o ciclone no Rio Grande do Sul

    No início do discurso, o presidente brasileiro citou o ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul e deixou dezenas de mortos e desaparecidos.

    “Essa semana, há três dias atrás (sic), no meu Brasil, um ciclone, no estado do Rio Grande do Sul — nunca havia tido ciclone –, matou 46 pessoas, quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção, porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, disse, destacando que a natureza “demonstra que precisamos cuidar dela com muito mais carinho”.

    Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número total de vítimas fatais subiu para 42 no sábado (9). São 46 desaparecidos no estado e 224 feridos.

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