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    Como a Nasa está se preparando para trazer um pedaço de asteroide para o deserto

    Asteroides como o que está sendo explorado teriam colidido com a Terra no início da sua formação, e amostras colhidas podem revelar informações sobre o início do sistema solar

    Ashley Stricklandda CNN

    Uma amostra de asteroide armazenada dentro de uma espaçonave da Nasa está prestes a chegar à Terra depois de viajar por quase dois anos e meio pelo espaço.

    É a primeira vez que a Nasa coleta e volta com uma amostra de asteroide do espaço.

    Junto a outra amostra do asteroide Ryugu, trazida pela missão Hayabusa2 do Japão, as rochas e o solo colhidos podem revelar informações sobre o início do nosso sistema solar.

    Em vez de pousar, a missão OSIRIS-REx vai lançar amostras de rochas e solo aqui e continuar sua jornada para estudar outro asteroide.

    As equipes têm ensaiado como recolher essas amostras, originalmente coletadas do asteroide Bennu, próximo à Terra, quando ela cair no deserto de Utah, em 24 de setembro.

    A estimativa é que a OSIRIS-REx tenha coletado até 8,8 onças (aproximadamente 250 gramas), ou cerca de uma xícara, de material de Bennu.

    “Estamos agora a poucas semanas de receber um pedaço da história do sistema solar na Terra, e o teste de lançamento bem-sucedido garantem que estamos prontos”, disse Nicola Fox, administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da Nasa, em um comunicado.

    “O material primitivo do asteroide Bennu nos ajudará a entender a formação do nosso sistema solar há 4,5 bilhões de anos, e talvez até como a vida na Terra começou.”

    Não é todo dia que uma espaçonave lança uma cápsula carregando uma amostra rara de asteroide sobre o planeta e tenta entregá-la com segurança em um local de pouso específico.

    Anos de trabalho árduo de milhares de pessoas levam ao momento em que a amostra de Bennu chegará à Terra.

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    Nos últimos meses, as equipes praticaram a recuperação da cápsula da amostra e analisaram todos os cenários, bons e ruins, que podem acontecer no dia de sua chegada.

    O objetivo original da missão é recuperar uma amostra intocada de asteroide. Se ao cair, porém, a cápsula abrir, o material pode ser contaminado.

    “Estou imensamente orgulhoso dos esforços da nossa equipa nesta empreitada”, disse Dante Lauretta, investigador principal do OSIRIS-REx na Universidade do Arizona em Tucson, em comunicado.

    “Assim como o nosso planejamento e os nossos ensaios meticulosos nos prepararam para coletar uma amostra de Bennu, eles ajudaram, também, a aprimorar nossas habilidades para recuperação de amostras.”

    Depois que deixou Bennu, a sonda deu, ainda, duas voltas em torno do Sol para poder estar na trajetória correta para o encontro com a Terra.

    Em 24 de setembro, a Nasa vai transmitir ao vivo o lançamento da amostra.

    A transmissão começará às 10h do horário local, e a cápsula contendo a amostra entrará na atmosfera da Terra às 10h42 (11h42 no horário de Brasília), a uma velocidade de cerca de 45 mil quilômetros por hora.

    A cápsula será lançada quando a OSIRIS-REx estiver a 102 mil quilômetros da Terra, mirando uma área que abrange 650 quilômetros quadrados – “é o equivalente a lançar em uma quadra de basquete e acertar o alvo na mosca”, disse Rich Burns, gerente de projeto OSIRIS-REx no Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, em Greenbelt, Maryland.

    Assim que a cápsula for liberada, a OSIRIS-REx fará uma manobra para se colocar de volta em uma rota ao redor do Sol, rumo a outro asteroide, o Apophis, aonde deverá chegar em 2029, disse Burns.

    Entrar na atmosfera da Terra fará com que a cápsula seja envolvida por uma bola de fogo superquente, mas o escudo térmico do recipiente protegerá a amostra em seu interior.

    Paraquedas serão acionados para que a cápsula desacelere e faça um pouso suave, a 18 quilômetros por hora.

    As equipes de recuperação estarão prontas para recolher a cápsula assim que for seguro, disse Sandra Freund, gerente do programa OSIRIS-REx na Lockheed Martin Space, empresa que fez parceria com a Nasa para construir a espaçonave, fornecer operações de voo e ajudar a recuperar a cápsula.

    A previsão é que o pouso aconteça 13 minutos após a cápsula entrar na atmosfera terrestre.

    Um helicóptero transportará a amostra e a entregará em uma sala especial de controle temporário montada na área em junho.

    Lá, uma equipe preparará o contêiner para o transporte da amostra em uma aeronave C-17, até Centro Espacial Johnson Space da Nasa, em Houston, em 25 de setembro.

    Detalhes do material serão revelados ao público por uma transmissão da Nasa, de Johnson, em 11 de outubro.

    Ensaiando no deserto

    As equipes da Nasa e da Lockheed Martin Space ensaiaram todas as etapas possíveis para se preparar para o dia da entrega, contou Freund.

    Recentemente, a equipe utilizou uma aeronave para lançar uma cápsula de amostra, coletá-la e prepará-la para transporte.

    Também trabalhou em cenários desafiadores do centro de comando, como o que fazer se a espaçonave for reiniciada, como tirá-la do modo de segurança e como transferir comunicações entre diferentes centros em caso de interrupções na rede.

    A equipe também se preparou para diferentes cenários de pouso, como um pouso forçado em que a cápsula com a amostra abra inesperadamente. Nesse caso, a equipe deve avaliar se alguma amostra poderia ser salva.

    Outra possibilidade é que o pouso da cápsula na área prevista não seja viável em 24 de setembro e a espaçonave não possa soltar a amostra, disse Burns. Neste cenário, a amostra permaneceria a bordo e a espaçonave só voltaria à Terra para tentar lançá-la novamente sobre Utah em 2025.

    Estudando uma rocha espacial

    O Centro Espacial Johnson tem um histórico de armazenamento, manuseio e análise de materiais extraterrestres, incluindo amostras lunares das missões Apollo.

    A Nasa trabalhou durante anos na criação de uma instalação especial em Johnson para a amostra de Bennu, disse Kevin Righter, vice-líder da curadoria da OSIRIS-REx.

    A sala dedicada à missão evitará qualquer potencial contaminação cruzada com outras coleções enquanto os cientistas analisam o solo e as rochas coletadas nos próximos dois anos.

    Algumas partes do material devem ser menores que um grão de areia, disse Christopher Snead, líder de manuseio de pequenas partículas e curador adjunto da OSIRIS-REx em Johnson.

    “Desenvolvemos ferramentas personalizadas para lidar cuidadosamente com essas partículas preciosas em nossos contêineres”, disse Snead em comunicado, referindo-se às caixas para manuseio de materiais perigosos ou extraterrestres.

    A amostra revelará informações sobre a formação e história do nosso sistema solar, bem como o papel dos asteroides no desenvolvimento de planetas habitáveis como a Terra.

    Os cientistas acreditam que asteroides como o Bennu colidiram com a Terra no início da sua formação, trazendo elementos como a água.

    A amostra será dividida e enviada a laboratórios em todo o mundo, incluindo parceiros da missão OSIRIS-REx na Agência Espacial Canadense e na Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial.

    Cerca de 70% dela permanecerá intacto e armazenado para que as gerações futuras, com melhor tecnologia, possam aprender ainda mais do que o que é possível agora.

    “Os asteroides que temos hoje no nosso sistema solar são remanescentes da fase inicial da história do sistema solar”, disse Lauretta.

    “Estamos literalmente olhando para materiais geológicos que se formaram antes até de a Terra existir. Eu chamo esses corpos de “rochas avós”, aquelas que realmente representam as nossas origens e de onde viemos. Elas serão um presente para o mundo.”

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