À CNN, Bolsonaro critica CPI da Covid: ‘Há interferência do Supremo nos poderes’
Presidente afirma que momento não é de 'procurar responsáveis', mas de 'buscar soluções'
Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou sobre duas importantes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF): a permissão para estados e municípios proibirem atividades religiosas presenciais e a determinação ao Senado da instalação da CPI da Covid-19.
“O Brasil está sofrendo demais e o que menos precisamos é de conflitos. Sabe a minha posição, respeito completamente nossa Constituição, não tem um pingo fora das quatro linhas da mesa. Agora seria bom se todo mundo jogasse nas quatro linhas”, afirmou Bolsonaro ao repórter Leandro Magalhães.
“Não há dúvida de que há uma interferência do Supremo em todos os poderes”, disse Bolsonaro, comentando a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que determinou ao presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) a instalação da comissão parlamentar de inquérito para apurar a atuação do governo federal na pandemia da Covid-19.
O presidente questiona se a decisão pode ser uma oportunidade para o Senado analisar pedidos de impeachment contra ministros do STF. “Será que a decisão não tem que ser a mesma para o Senado colocar em pauta o pedido de impeachment de ministros do Supremo?”, disse.
“Por que a CPI? é CPI para investigar as ações do governo federal. Por que não bota estadual e municipal? Nós fizemos a nossa parte. O Pazuello comprou vacinas no ano passado”, disse o presidente.”Está na hora, em vez de ficar procurando responsáveis, unir o Supremo, o Executivo e o Legislativo na busca de soluções. Em que vai levar a abertura de uma possível CPI?”, questiona.
O pedido inicial da CPI da Covid-19, proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), fala em apurar apenas a conduta do governo federal na pandemia.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (8), o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que é possível a ampliação do escopo, para analisar também a conduta de estados e municípios.
Cultos presenciais
Ao ser questionado sobre a decisão que deu a estados o direito de proibir celebrações religiosas presenciais, o presidente defendeu a abertura dos templos, sob o argumento do amparo no momento da pandemia.
“A questão da igreja? Tem o artigo 5º da Constituição, não pode ser modificado nada ali. Quase que diariamente eu vejo suicídio, coisa que não existia com essa frequência. O que leva é a depressão: brigou em casa, faltou pão na mesa, vergonha de encarar os filhos. O cara quando está na dificuldade procura Deus, ele vai na igreja, no templo. O templo está fechado”.
Ele acredita que os locais são seguros quanto ao risco de contaminação por Covid-19. “Lá dentro, com todas as medidas, a chance de transmitir é quase zero. A própria decisão do ministro Kássio era 25% da capacidade. Tem que dar a chance do ser humano se confortar, pegar uma palavra de apoio”.
Publicado por Guilherme Venaglia