À CPI, Nise diz não integrar e desconhece existência de gabinete paralelo
Médica oncologista e imunologista diz que é 'colaboradora eventual' e participa na condição de médica e cientista em reuniões governamentais
A médica Nise Yamaguchi, oncologista e imunologista, que defende o chamado “tratamento precoce” para a Covid-19, afirmou nesta terça-feira (1º) em depoimento à CPI da Pandemia que desconhece e nunca integrou um gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Eu desconheço um gabinete paralelo e muito menos que eu integre qualquer gabinete paralelo”, afirmou, ao ser questionada sobre o tema pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros.
“Eu sou uma colaboradora eventual e participo junto com os ministros de Saúde, deixei bem claro, como médica, cientista, chamada para opinar em comissões técnicas, em reuniões governamentais, reuniões específicas com setores do Ministério da Saúde”, completou.
Após a exibição de uma entrevista de Nise em 2020 em que ela fala sobre dosagens de uso da cloroquina sugeridas ao Ministério da Saúde, ela voltou a negar que isso tenha acontecido à margem das orientações oficiais do governo.
“Quero deixar mais uma vez claro que não participo de nenhum gabinete paralelo. Entendo que o governo é um só. Minhas conversas que ocorrem com relação a parte técnica do Ministério da Saúde, com os técnicos – porque eu conversei com os técnicos sobre dosagens da cloroquina – isso tenho que caracterizar muito bem.
Renan citou os nomes do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado Osmar Terra (MDB-RS), além de Luciano Azevedo, Carlos Wizard e Arthur Weintraub como integrantes desse suposto gabinete e perguntou se a médica poderia citar outros integrantes, além dela própria.
“Não tenho como enunciar pessoas que participem. Não entendo onde o senhor deseja chegar porque, na realidade, só participo como consultora individual. Tudo que eu faço através de sociedades médicas, todos os momentos que eu posso dar palestrar, eu faço isso.”
Nise disse ainda que nunca levou para essas reuniões com Bolsonaro sua defesa de tese da imunidade de rebanho.
“Não, nunca discuti imunidade de rebanho com ele. Na realidade, tive poucos encontros. O que eu tenho são posições públicas, que são bastante detalhadas e muito bem estruturadas, baseadas na ciência daquele momento.”