Pedido de compartilhamento de dados da Lava Jato é ‘abusivo’, diz ex-procurador
Para Carlos Fernando dos Santos Lima, há indicativos de que existe um movimento interno da PGR para fazer uma revisão da operação
Em entrevista à CNN, o ex-procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima falou sobre a determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, para que as forças-tarefas da operação Lava Jato em Curitiba, São Paulo e no Rio de Janeiro compartilhem os dados de suas investigações com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Para ele, o pedido feito pela PGR é “absurdo” e “abusivo”.
“Não precisamos que o Ministério Público brigue internamente. Há investigações a serem feitas no Brasil inteiro, e nós precisamos dar resposta à população, não brigando internamente e buscando a intermediação do Supremo Tribunal Federal”, disse Lima, que integrava a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Segundo ele, há indicativos de que existe um movimento interno da PGR para fazer uma revisão da operação Lava Jato, especialmente em Curitiba.
“Isso tudo está ligado a uma atitude do atual procurador-geral da República de se vincular de alguma forma ao governo. O PGR não é membro do governo, inclusive pode fazer acusações contra o presidente. Nós precisamos de um ambiente interno que auxilie as investigações, e não em que os procuradores que estão na linha de frente tenham medo de virar as costas à PGR e de levar um ‘tiro amigo’”, falou.
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Questionado sobre interesse da PGR nas informações da Lava Jato, o ex-procurador falou que “está inserido nesse revisionismo que eles estão tentando impor, tudo aquilo que se refere a Sergio Moro”. “Uma coisa que aprendi é que você não elege quem você quer investigar. As investigações acontecem conforme as provas vão surgindo. Mas no caso me parece que o procurador-geral da República elegeu investigar Sergio Moro e está procurando achar ‘cabelo em ovo’ e ‘chifre em cabeça de cavalo’. Está procurando algo para, de alguma forma, agradar Bolsonaro e atingir um desejo de ser ministro do Supremo”, disse.