Senado deve ser rápido e implacável no caso Chico Rodrigues, defende Alvaro Dias
Parlamentar diz que colega deve ter direito de defesa, mas que Congresso não pode 'protelar' em analisar caso dos R$ 30 mil encontrados na cueca
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) defendeu nesta segunda-feira (19), em entrevista à CNN, que o Senado dê uma resposta “rápida” e “implacável” no caso do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), encontrado com R$ 30 mil na cueca durante operação da Polícia Federal.
O parlamentar do Podemos ponderou que é necessário garantir o direito de Rodrigues a se defender, mas que “não se deve protelar”.
“A resposta da instituição deveria ser muito rápida. Oferecendo oportunidade de defesa ao acusado, mas de forma implacável. A imagem do Congresso Nacional está no chão, em razão dessa condescendência em relação a casos que afrontam a sociedade”, disse Alvaro Dias.
Questionado pelo colunista Fernando Molica sobre qual deveria ser essa resposta, o senador defendeu “cumprir o itinerário”. “Vai ao Conselho de Ética, com direito de defesa, mas não se deve protelar”, afirmou.
A entrevista foi feita por Molica, pelos âncoras Carol Nogueira e Daniel Adjuto e pela também colunista Renata Agostini.
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Alvaro Dias defendeu a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que monocraticamente afastou Rodrigues do mandato por um prazo de 90 dias. O caso será colocado em votação no Plenário do STF nesta quarta-feira (21).
“A decisão do ministro Barroso é totalmente correta, guardando relação com os dispositivos constitucionais. Aliás, ele foi bastante suave, porque havia razões até para decretação da prisão em flagrante. A Constituição possibilita isso, apesar de ser um parlamentar”, argumentou o senador.
A defesa do senador Chico Rodrigues afirma que o dinheiro era do parlamentar, dinha origem lícita e seria utilizado para pagar os funcionários da empresa da família. Os advogados que representam Rodrigues afirmam que ele escondeu o dinheiro na cueca em um ato de desespero.
Foro privilegiado
O senador Alvaro Dias afirmou à CNN que o episódio reforça a necessidade de aprovação do projeto que acaba com o foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado. A proposta foi apresentada pelo senador, aprovada no Senado e aguarda votação na Câmara.
“Se já tivéssemos aprovado o fim do foro privilegiado, essa questão já estaria superada. O senador estaria sendo tratado como um cidadão comum. O foro privilegiado é um guarda-chuva protetor dos malandros de colarinho branco”, criticou.
Ele também criticou a falta de votação de outros dois projetos. Um de seu colega de partido, Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), que limita a possibilidade de decisões monocráticas, e outro que impede senadores de terem parentes como seus suplentes.
O último foi citado diante da possibilidade de que Chico Rodrigues se licencie do mandato para cuidar da sua defesa e diminuir a pressão pela sua cassação. Caso isso ocorra, quem assume como senador é o filho de Chico Rodrigues, Pedro Arthur, que é seu primeiro suplente no Senado.