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    Políticos do PSL divergem sobre aliança do presidente Bolsonaro com o Centrão

    Senador Major Olímpio diz que iniciativa 'tem tudo para dar errado'; já o deputado federal Daniel Silveira diz entender motivações do presidente Jair Bolsonaro

    Parlamentares do Partido Social Liberal (PSL), pelo qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito divergiram nesta segunda-feira (11) sobre a recente aliança do governo com políticos do centrão.

    O senador Major Olímpío (PSL-SP) afirmou que a aliança e as trocas que ela pode ensejar têm tudo para dar errado.

    “O toma lá, dá cá foi o que originou toda essas mazelas de mensalão, depois de petrolão com Operação Lava Jato. Lógico que o governo tem que dialogar com todos os partidos, mas fazer essas indicações, seja de segundo ou terceiro escalão, é aí que mora o perigo”, disse Olímpio em debate na CNN com o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ).

    O deputado federal Daniel Silveira, do Rio de Janeiro, também disse não ser favorável a esse tipo de aliança, mas ressaltou que entende a estratégia do presidente no que chamou de “necessidade para o Brasil caminhar”.

    “[O presidente vem] tentando dialogar com o Congresso e tem sido freado com várias MPs que caducaram, por conta as vezes de uma ‘pirraça’ do presidente da Câmara [Rodrigo Maia (DEM-RJ)] que não pautou coisas importantes”, argumentou Silveira. “O presidente percebeu que, não pela vontade dele, mas ele deveria necessariamente se aproximar [do centrão]”, completou.

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    Questionados sobre como garantir que no caso do governo Bolsonaro as indicações se manterão técnicas, algo que já foi prometido em governos anteriores, Silveira afirmou que a história pregressa do presidente no Parlamento é uma exemplo de como serão feitas essas nomeações.

    “São 28 anos no Parlamento e você vê que ele tem uma idoneidade política muito grande, a bussola moral dele está muito bem alinhada. Nesse mais de uma no de governo ele demonstrou varia vezes que tem sim a preferência e mantem o aspecto técnico de cada nomeação”, argumentou.

    Ele reiterou que não considera “uma toma lá, dá cá” a iniciativa de Bolsonaro, apesar de ver uma abertura para que deputados indiquem pessoas para cargos no governo.

    Já o senador se mostrou reticente sobre essa possível garantia e disse que essas alianças são uma quebra de coerência no discurso adotado por Bolsonaro desde a campanha.

    Os deputados Major Olímpio (PSL) e Daniel Silveira (PSL) debatem sobre negociaçã
    O senador Major Olímpio (PSL-SP) e o deputado federal Daniel Silveira (PSL) debatem sobre negociação com ‘centrão’
    Foto: CNN (11.mai.2020)

    “Por que um partido político quer hoje o Departamento Nacional de Obras Contra as Seca? Porque tem bilhões de reais. Por que quer o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)? Porque tem R$ 52 bilhões. Então, não será diferente. Será uma tristeza”, opinou.

    Olímpio disse ainda que alguns partidos se tornaram “especialistas em determinadas áreas” e citou o Partido Liberal (PL) como um exemplo de especialistas em transporte, motivo pelo qual, segundo ele, o partido estaria interessado em nomeações no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

    Possibilidade de impeachment

    Sobre a possibilidade de a aproximação com o centrão ser uma forma de Bolsonaro ter apoio no caso de um possível processo de impeachment, ambos disseram não ver condições para um julgamento político no momento. “Para deixar muito claro, olhando todo o ordenamento jurídico, não existe nada de fato que possa acarretar um processo de impedimento”, afirmou Silveira.

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    Para o deputado federal, muitos partidos e parlamentares opositores tentam criar factoides contra o governo. “Não tem materialidade, não tem uma acusação robusta contra o presidente, mas preferem de qualquer maneira jogar na mídia, para que acreditem que o presidente está incorrendo em algum crime.”

    “Não vi ânimo no Congresso até esse momento que possa ensejar processo de impeachment. E, muito menos, um comportamento do presidente que o enquadrasse na lei”, disse o senador Major Olímpio. Ele ressaltou que, justamente por essa leitura, acha absolutamente desnecessário a aliança com o Centrão, chamada por ele como “aliança macabra”.