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    Após crítica de E. Bolsonaro, ministro apaga post sobre monitoramento de celular

    Marcos Pontes havia anunciado que o governo federal fechou acordo com empresas de telefonia para monitorar aglomerações

    Deputado Eduardo Bolsonaro
    Deputado Eduardo Bolsonaro Foto: Adriano Machado/ Reuters

    Larissa Rodrigues e Caio Junqueira Da CNN, em Brasília

    No dia 27 de março, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações (MCTIC), Marcos Pontes, anunciou que o governo federal havia fechado um acordo com empresas de telefonia para monitorar aglomerações e verificar se a população está respeitando o isolamento social. No entanto, nesta quinta-feira (9), o ministro apagou de suas redes sociais um vídeo em que anunciava a parceria.

    A postagem foi apagada no mesmo dia em que o deputado federal e filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também usou o Twitter para criticar projetos parecidos que visam o monitoramento de celulares em estados brasileiros. “Governador Doria (São Paulo) monitora celulares de paulistas sem que o povo autorize, numa total invasão de direitos nunca vista antes no Brasil; esquerda, mídia e isentões se calam. Agora imaginem se Jair Bolsonaro fizesse um décimo disso, todos estariam se matando aos gritos de ditadura”, atacou o parlamentar.

    Eduardo Bolsonaro, também na quinta-feira, criticou o governo de Santa Catarina, do correligionário Carlos Moisés (PSL). “Governador de Santa Catarina monitora quarentena por dados de localização em celular dos cidadãos sem o respectivo consentimento”, afirmou o deputado.

    A CNN apurou que, logo após as duas postagens do filho do presidente da República, Marcos Pontes apagou o vídeo em que defendia o monitoramento dos celulares em todo o Brasil.

    A reportagem questionou o Ministério da Ciência e Tecnologia se o acordo com as empresas de telefonia ainda irá acontecer e sobre a postagem apagada pelo ministro de suas redes sociais. A assessoria de imprensa da pasta não respondeu as perguntas até a publicação desta matéria.

    Entenda

    No dia 27 de março, o MCTIC afirmou à CNN que ao monitorar os celulares dos brasileiros o governo teria ainda o acesso à idade e ao sexo das pessoas, o que serviria também à verificação da lotação de unidades básicas de saúde e hospitais. Já no vídeo que gravou o postou no Twitter, o ministro Pontes garantiu que a medida não traria “nenhum problema com privacidade”. 

    “Através desse acordo, o Ministério da Saúde vai ter uma ferramenta que vai poder acompanhar aglomeração de pessoas, o movimento dessas aglomerações, e isso vai poder servir ao ministério como uma ferramenta para predizer, por exemplo, para onde pode haver uma migração do vírus”, disse Pontes, à época, na rede social. 

    A medida, no entanto, contraria não só o deputado federal, como também, o próprio presidente da República. Jair Bolsonaro vem defendendo a flexibilização do isolamento no combate ao coronavírus. Para o presidente, pessoas saudáveis e que tenham menos de 40 anos deveriam voltar ao trabalho. Isso tem gerado ataques mútuos entre Bolsonaro e governadores, em especial, ao chefe do Executivo de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).