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    PF quer saber se Queiroz teve acesso a inquérito sigiloso no Rio

    Pedido foi feito depois de solicitação da defesa de Sergio Moro. Para advogados, material é relevante para averiguar suposta interferência de Bolsonaro na PF

    Renata Agostinida CNN

    A Polícia Federal quer saber se Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), teve acesso a um eventual inquérito sigiloso aberto pela própria corporação no Rio de Janeiro, mostram documentos obtidos pela CNN nesta terça-feira (23).

    A investigação teria sido aberta a partir de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que seria o mesmo a embasar a apuração do suposto esquema de “rachadinhas” que Queiroz operaria no gabinete de Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro.

    O pedido foi feito pela delegada Christiane Correa Machado à superintendência da PF do Rio, dentro do inquérito que apura as acusações do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pai de Flávio Bolsonaro, interferiu politicamente na Polícia Federal. A delegada também quer que Bolsonaro seja ouvido neste inquérito, informou a CNN mais cedo hoje.

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    A solicitação da PF à superintendência foi feita depois de um pedido feito pela defesa de Sergio Moro para acesso a uma cópia deste eventual inquérito. Para os advogados, o acesso a esta investigação é “potencialmente relevante para se verificar a existência de elementos que se relacionem com as hipóteses criminais aqui investigadas”.

    No pedido, os advogados citam uma reportagem da Folha de S. Paulo, publicada no dia 21 de maio, segundo a qual a defesa de Queiroz teve acesso a um inquérito sigiloso da PF em agosto de 2019. A investigação incluiria um relatório do Coaf em que Queiroz e Flávio Bolsonaro são citados — eles não seriam alvos da apuração.

    Em documento enviado à PF, a defesa de Moro diz que, segundo a reportagem, a Justiça permitiu que Queiroz tivesse acesso ao inquérito, apesar de ele não ser investigado. Além disso, para os advogados, a menção a Flávio no inquérito representa “verdadeira possibilidade de produção de elementos de inteligência” pela PF do Rio sobre um familiar do presidente.

    “Aliado a tudo isso, frisa-se que o Presidente da República manifestou sua primeira vontade em substituir o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro no mesmo mês em que a Defesa de Fabrício Queiroz solicitou vistas do inquérito sigiloso mencionado – agosto de 2019”, alega a defesa de Moro.

    Em depoimento sobre a suposta interferência de Bolsonaro na PF, em maio, Moro disse que “houve uma solicitação por parte do Exmo. Presidente da República de substituição do Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saad”.

    A íntegra do depoimento de Moro foi divulgada em primeira mão pela CNN. Após a divulgação, Bolsonaro classificou as acusações feitas pelo ex-ministro como “mentira deslavada”.

    Os advogados do ex-ministro afirmam ainda que o eventual acesso de Queiroz a esta investigação guarda “possível similaridade na dinâmica entre o que teria ocorrido na Operação Furna da Onça”. 

    Em maio, o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro, disse à Folha de S. Paulo que um delegado da Polícia Federal antecipou ao filho do presidente – antes do segundo turno da eleição de 2018 – que Queiroz seria alvo da Operação Furna da Onça. 

    Queiroz cumpre prisão preventiva desde quinta-feira (18) após mandado expedido pelo juiz Flávio Itabaiana, da Justiça do Rio, atendendo a pedido do Ministério Público fluminense (MP-RJ) dentro da investigação sobre a “rachadinha” na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Para o magistrado, o ex-assessor estava atrapalhando as investigações do caso.

    Exoneração de Valeixo

    Os documentos aos quais a CNN teve acesso mostram também que, além do pedido sobre Queiroz e da comunicação sobre o depoimento de Bolsonaro, a PF pediu ao governo registros do processo de exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da corporação.

    A polícia quer que a Secretaria-Geral da Presidência da República envie “tela com os registros de andamento do processo de exoneração do ex-Diretor Geral da Polícia Federal, Maurício Leite Valeixo (Decreto de 23 de abril de 2020), contendo mídia com todos os documentos exportados, gerando arquivo zip do referido processo”.

    A exoneração de Valeixo serviu como estopim para a saída de Moro do governo Bolsonaro. Em maio, o governo reconheceu em ofício à PF que a assinatura de Moro foi usada sem a autorização do então ministro no ato de exoneração de Valeixo.