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    População espera que CPI faça governo mudar postura, diz senador da oposição

    Para Jean Paul Prates (PT-RN), omissão governo federal no enfretamento da pandemia obrigou estados a comprarem insumos e até vacinas

    Gregory Prudenciano e Jorge Fernando Rodrigues, da CNN, em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (26), o senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou que, em sua leitura, a maior expectativa da população brasileira com relação à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia é que o governo federal mude sua postura em comparação com o que vem acontecendo até aqui. 

    Segundo petista, erros do governo Jair Bolsonaro são os responsáveis por fazer do Brasil um dos países com maior mortalidade por Covid-19 no mundo, e que justamente por isso a instalação da CPI se fez necessária ainda com a pandemia em uma fase aguda, ao invés de acontecer em um momento futuro de maior controle da Covid-19, como sugeriram alguns senadores. 

    “As respostas principais que a população espera ver da CPI é essa mudança de postura [do governo federal], e por isso ela foi feita agora e não depois do fim da pandemia”, defendeu o senador pelo Rio Grande do Norte, que não integra a comissão. 

    Nas contas do parlamentar, a taxa de óbitos da pandemia no Brasil é cinco vezes maior do que a taxa média no resto do mundo. “O Brasil é diferente dos outros países em tecnologia, em conhecimento da medicina, em disciplina do seu povo, em todos os aspectos? Não. A única coisa que diferiu foi a gestão do combate à pandemia”, argumentou. 

    O senador listou, na entrevista, uma série de supostos erros do governo federal, como a negação da letalidade da doença, a testagem “incipiente”, falta de integração com os governadores, atraso no repasse de recursos, veto à obrigatoriedade no uso de máscaras, entre outros. 

    Para Jean Paul Prates, foi inclusive a falta de coordenação entre governo federal e estados o que pode ter facilitado eventuais desvios de recursos públicos. Isso porque, em sua perspectiva, os governos estaduais foram obrigados a ir às compras de insumos, equipamentos e até vacinas, diante de uma suposta letargia da União. 

    O senador Jean Paul Prates falou sobre o julgamento do STF sobre a CPI da Covid
    O senador Jean Paul Prates (PT-RN) falou sobre o julgamento do STF sobre a CPI da Covid (11.abr.2021)
    Foto: Reprodução / CNN

    Convocação de governadores

    À CNN, o senador petista não se opôs à convocação de governadores para prestarem depoimentos à CPI da Pandemia, mas disse que aos chefes dos Executivos estaduais coube “a parte mais cara e mais visível” do enfrentamento à pandemia, que seria o atendimento de alta e média complexidade na rede hospitalar estadual. 

    “Eles [os estados] é que recebem esses pacientes na crise aguda, no problema mais sério. Além disso, têm poucos recursos, têm limitação, não podem emitir moeda, não controlam taxa de juros, não podem se endividar sozinhos. É tudo muito limitado, é um sanduíche, uma pressão de baixo e de cima nesses governadores”, afirmou. 

    Jean Paul Prates também defendeu que a presença e a investigação de governadores na CPI seja restrita a casos em que já há investigações sobre desvio de verbas destinadas pela União e nos quais esses inquéritos “não estejam atendendo a contento”. Isso porque seria “humanamente impossível fazer auditoria de todos os estados e de todos os municípios do Brasil” na CPI. 

    Além da impossibilidade, seria também “incondizente com o regulamento”, argumentou, já que caberiam às estruturas locais, como as casas legislativas e os tribunais de contas, fiscalizar o uso da verba pública. 

    Nesta quarta-feira, a CPI da Pandemia determinou a convocação de nove governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel para prestarem depoimento à comissão.

    Foram aprovados os requerimentos de convocação de Wilson Lima (PSC-AM), Helder Barbalho (MDB-PA), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Mauro Carlesse (PSL-TO), Carlos Moisés (PSL-SC), Antonio Oliveira Garcia de Almeida (PSL-RR), Waldez Góes (PDT-AP), Marcos José Rocha dos Santos (PSL-RO) e Wellington Dias (PT-PI).

    A vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Cristina Reinehr (PSL), também foi convocada.