Campanha civilizada, com debate de ideias, diz Boulos sobre eleição contra Covas
À CNN, político do PSOL lamentou morte prematura do adversário e disse que os dois mostraram, durante o pleito de 2020, que é possível fazer diferente
O professor e ex-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), lamentou a morte de Bruno Covas neste domingo (16). Em entrevista à CNN, o político disse que, apesar de adversários, ele e o prefeito conseguiram manter relação democrática.
“Minha convivência com o Bruno foi de adversário politico, mas nunca de inimigo. O momento é importante para relembrar alguns valores éticos que são necessários não só para a política, mas para a vida”, diz.
“Adversário político não quer dizer intolerância, não significa desejar o mal pra ninguém. Nós sempre tivemos uma convivência leal e democrática, mesmo tendo posições opostas. Foi assim na campanha (pela prefeitura de São Paulo) e durante o governo dele em São Paulo, que lamentavelmente se encerra dessa forma trágica.”
Boulos relembrou que, durante o primeiro mandato de Covas, os dois tiveram inúmeras reuniões para discutir politicas habitacionais em São Paulo, uma das grandes bandeiras do psolista.
“Mesmo sendo adversários, Bruno sempre tratou o tema como coisa séria. Ao longo da campanha, também mantivemos contato para que se evitassem exageros. Depois do pleito, ainda nos encontramos pra tomar um café e discutir políticas para a cidade de São Paulo”, lembra.
“Eu acho que a campanha que nós fizemos foi marcada por uma urbanidade, foi marcada por um debate de ideias, de forma civilizada. Isso é importante que fique como exemplo. Tivemos contato muito respeitoso, algo importante nesse momento que o Brasil está vivendo. Fizemos um segundo turno mostrando que é possível fazer de outro jeito.”
Sobre a chegada de Ricardo Nunes (MDB) ao poder, Boulos preferiu não comentar. “Em relação ao vice, eu pude expressar, ao longo da campanha inclusive, a minha opinião sobre ele, as suspeitas que recaem sobre ele. Mas acho que hoje, pelo dia triste que é, não é momento de fazer esse prognóstico. Só espero que as pessoas tenham espírito democrático e solidário.”