Em relatório sigiloso enviado à Câmara, MP do Rio sugere nepotismo de Flordelis
Deputada teria contratado ao menos dois filhos adotivos como funcionários de seu gabinete
Em relatório compartilhado com a Câmara sobre a suposta participação da deputada federal Flordelis no assassinato do marido, o Ministério Público do Rio de Janeiro sugere a possibilidade de a parlamentar também ter praticado nepotismo, ao contratar ao menos dois filhos adotivos como funcionários de seu gabinete na Casa.
O documento, ao qual a CNN teve acesso a partes, foi encaminhado pelo procurador-Geral de Justiça do Rio, José Eduardo Gussen, em 8 de setembro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), porém, só encaminhou as informações para a Corregedoria da Casa na última quarta-feira, 30 de setembro.
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Os filhos que foram empregados por Flordelis são Carlos Ubiraci Francisco e André Luiz de Oliveira. Eles atuavam como secretários parlamentares de Flordelis pelo menos desde 2019, mas foram exonerados por ela em agosto deste ano, após serem presos acusados de também terem participado do assassinato do pastor Anderson do Carmo.
Colocado sob sigilo, o relatório traz provas sobre a participação direta de Flordelis na morte do marido. Como a CNN mostrou em 16 de setembro, o documento também foi compartilhado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar a suposta prática de “rachadinha” no gabinete da deputada na Câmara.
À coluna, o corregedor da Casa, deputado Paulo Bengtson (PTB-PA) disse que não incluiu o nepotismo em seu parecer sobre o caso, porque a área jurídica da Câmara entendeu que não era o caso. Isso porque, segundo ele, os dois filhos contratados por Flordelis eram apenas “filhos afetivos”, ou seja, não eram adotados formalmente por ela.
Próximos passos
Bengtson apresentou seu parecer no dia 1º de outubro. Nele, o corregedor diz haver “indícios suficientes” de que a parlamentar mandou matar o marido e recomenda o encaminhamento do processo para o Conselho de Ética da Câmara. O caso, porém, só poderá seguir após a retomada dos trabalhos do colegiado, hoje suspensos em razão da pandemia.
Para isso, será necessário Maia determinar o retorno presencial das atividades na Casa ou a aprovação de um projeto de resolução permitindo o trabalho virtual do conselho. Além disso, o presidente da Câmara precisará convocar uma reunião da Mesa Diretora para aprovar oficialmente o envio do processo para o Conselho de Ética.