Organizações artísticas assinam carta de repúdio a declarações de Regina Duarte
Em entrevista exclusiva à CNN, secretária da Cultura minimizou a ditadura militar: ‘Sempre houve tortura, não quero arrastar um cemitério’
Mais de 140 entidades artísticas assinaram uma carta de repúdio às afirmações que a secretária de Cultura, Regina Duarte, deu à CNN em entrevista exclusiva, ao vivo, na quinta-feira (7). Na ocasião, a secretária minimizou a ditadura militar ao dizer que “sempre houve tortura”. “Não quero arrastar um cemitério”, completou (assista acima).
Após a fala, Regina Duarte desconversou sobre o tema, cantando trecho do jingle da Copa de 1970. A entrevista foi interrompida pela secretária após a exibição de um depoimento enviado naquele dia à CNN pela atriz Maitê Proença (veja a íntegra).
No documento, as entidades chamam Regina de “ex-atriz” e “senhora vil”, e dizem que “ela cuspiu na História deste país”.
“Essa senhora riu de pessoas que foram executadas pelo regime militar, banalizou o crime de tortura, relativizou a gravidade da pandemia que já causou milhares de mortes e assombra todo o Mundo”, diz o documento.
Leia a íntegra da carta:
“Nós, trabalhadores e trabalhadoras das artes e da cultura, representados pelas diversas entidades, movimentos e organizações de todo o Brasil que assinam essa carta, declaramos o nosso grito de repúdio, asco e revolta pelas palavras da atual Secretária de Cultura do Governo Brasileiro, a ex-atriz Regina Duarte.
Essa senhora riu de pessoas que foram executadas pelo regime militar, banalizou o crime de tortura, relativizou a gravidade da pandemia que já causou milhares de mortes e assombra todo o Mundo.
Ela cuspiu na História deste país. É inadmissível, baixo e violento.
Resistiremos ao vilipêndio de nossa profissão encarnado por essa senhora vil.
Como classe trabalhadora, fomos violentadas e violentados por uma agente pública no exercício do seu cargo, ao vivo e em rede nacional.
Mesmo enterrando amigos, familiares e companheiros de profissão vítimas dessa terrível doença, não vamos nos calar diante de mais essa barbárie.
Vamos carregar nossos mortos em memória sempre conosco.
Nunca perderemos a noção de que não há bem mais caro do que a vida.“