Witzel começa depoimento em julgamento de impeachment chorando: ‘É muito cruel’
Governador afastado se desentendeu com delator, o ex-secretário da Saúde Edmar Santos, em vários momentos ao longo da sessão
Afastado do cargo desde o meio do ano passado, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) começou seu depoimento no julgamento do processo de impeachment dele chorando. “São 35 anos de vida pública. É muito cruel o que estão fazendo com a minha família, com a minha esposa”.
Ao grupo de deputados e desembargadores que vai decidir o destino do governador, Witzel se lamentou por não conseguir fazer reuniões e fiscalizar contratos, por falta de tempo.
A fala do governador afastado sucede uma série de interrogatórios com testemunhas do processo, incluindo o delator Edmar Santos, ex-secretário estadual de saúde na gestão de Witzel e peça-chave na acusação ao detalhar o suposto sistema de propinas no governo do PSC.
Em seu depoimento, Edmar foi interrompido pelos advogados de Witzel e pelo próprio governador em vários momentos, mas sustentou as acusações contra o ex-chefe. Disse que ele ajudou a direcionar contratos de administração de unidades de saúde para Organizações Sociais e que tinha despesas pessoais pagas pelo grupo criminoso, o que Witzel nega.
Antes de depor, Wilson Witzel quis se defender com uma fala inicial, o que foi aceito pelo presidente do Tribunal de Justiça. Na sequência, ele será inquirido por deputados e desembargadores do tribunal misto. Após o interrogatório do governador afastado, a última fala do processo, defesa e acusação terão tempo para preparar suas alegações finais.
Witzel foi afastado inicialmente em agosto de 2020, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ex-juiz teve o afastamento reafirmado em fevereiro, quando se tornou réu no processo de impeachment. Desde o primeiro afastamento, o governador interino é Cláudio Castro (PSC), ex-vereador e vice-governador eleito em 2018.