Corregedor do TCU pede afastamento de auditor do cargo e apuração da PF
Servidor é suspeito de tentar inserir dados apócrifos em processos da corte
O corregedor do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, pediu à presidente da Corte, Ana Arraes, que afaste o auditor suspeito de tentar inserir dados apócrifos em processos da corte. Ele também solicitou que ela peça à Polícia Federal que investigue o caso.
O pedido consta de decisão finalizada está manhã. Com o despacho, Dantas atente a pedidos de colegas que queriam uma manifestação exemplar do TCU.
Na decisão, o ministro determina ainda a realização de uma auditoria interna que aponte em até cinco dias quais documentos foram elaborados e compartilhados nas redes internas pelo servidor com informações sobre os termos Covid, mortes e supernotificação.
O ministro Bruno Dantas narra o processo que levou ao pedido de afastamento do auditor. “Ministros e servidores desta Casa foram surpreendidos, na última segunda-feira (7) pela ‘notícia’, de que o Tribunal de Contas da União (TCU) teria produzido relatório concluindo que cerca de 50% das mortes causadas por Covid-19 no ano de 2020 teriam ocorrido por outros fatores, que não o Coronavírus, o que representaria um superdimensionamento do número de óbitos no Brasil”, escreve. Ele se refere a fala na qual o presidente Jair Bolsonaro apresentou o dado falso a apoiadores.
“Diante da perplexidade geral causada pela informação, consultei os eminentes Ministros Benjamin Zymler e Vital do Rego, respectivamente relatores do Quinto e do Sexto ciclos de acompanhamento das ações do Ministério da Saúde no âmbito do Programa especial de atuação no enfrentamento à crise da Covid 19acerca da existência de relatório produzido oficialmente pelo Tribunal que pudesse ter chegado a tal conclusão. Suas excelências refutaram a possibilidade de qualquer deliberação do Tribunal nesse sentido bem como informaram que não haveria nos autos que relatam qualquer documento oficial produzido por auditores que sugerisse tal conclusão.”
Dantas explica que a repercussão da notícia levou a corte a apurar o fato. “Por meio de checagem de autoria, constatou-se [que o documento apócrifo] tinha sido elaborado pelo Auditor Federal de Controle Externo Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, no dia 6 de junho de 2021”.
“Pelas informações até agora obtidas, portanto, o auditor Alexandre Figueiredo pode ter utilizado de sua função de supervisor para tentar inserir no trabalho documento/questão que não guardava relação com o objeto da fiscalização, uma vez que adveio de um estudo paralelo feito pelo próprio servidor, sem o respaldo dos demais membros da equipe, em flagrante quebra dos normativos internos e das rotinas de trabalho do TCU.”
Se o pedido do corregedor for acatado, o auditor ficará proibido de ingressar no prédio do TCU e de acessar sistemas internos por até 60 dias. O caso está nas mãos na presidente da corte, Ana Arraes.