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    Senador da CPI diz que depoimentos ‘comprovaram pressão’ sobre Mandetta e Teich

    Para Otto Alencar, situação narrada por ex-ministros é a de que o presidente Jair Bolsonaro buscava titular na Saúde que apenas seguisse orientações

    Anna Gabriela Costa, Rudá Moreira e Jorge Fernando Rodrigues, da CNN, em São Paulo e em Brasília

    O senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou em entrevista à CNN nesta quarta-feira (5), que, após os depoimentos do ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, fica evidente para ele que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou “pressão” para que os então ministros seguissem sua recomendação na forma de enfrentamento à pandemia de Covid-19.

    “Ficou muito claro, desde ontem com as declarações do ex-ministro Mandetta, que o presidente da República queria um ministro que pudesse atender o presidente em todas as suas prescrições médicas, sobretudo a prescrição da hidroxicloroquina, e também queria que o ministro não determinasse o distanciamento físico, uso de máscaras, todas as pressões científicas”, disse Alencar, que é titular da CPI da Pandemia.

    O ex-ministro da Saúde Nelson Teich prestou depoimento na CPI da Pandemia da Covid-19 nesta quarta-feira (5), a partir das 10h. O senador Otto Alencar, que faz parte da chamada ala “independente” na Comissão, afirmou que Teich, por ser médico, “pediu para sair [do ministério da Saúde] para não se comprometer”.

    Senador Otto Alencar (PSD-BA) em entrevista à CNN (05.mai.2021)
    Senador Otto Alencar (PSD-BA) em entrevista à CNN (05.mai.2021)
    Foto: CNN Brasil

     

    “Tanto o ex-ministro Mandetta como Nelson, eles deixaram bem claro isso, que eles orientavam no ponto de vista científico e essa orientação não era seguida, esse confronto ficou muito claro. Quando ele percebeu, médico que é, que não tinha autonomia, ele pediu para sair, para não se comprometer. Já está  comprovado uma pressão no Mandetta e no Nelson para adotar a medicação de hidroxicloroquina como tratamento precoce para virose”, afirmou. 

    Em entrevista, o senador disse que considerou “muito grave” a orientação para o uso da hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. 

    “Algumas colocações do Mandetta eu considero muito graves, aquele momento que se tentou mudar a bula da cloroquina, a mudança da bula seria uma coisa inusitada na história da medicina. Ontem o Mandetta deixou isso feito com muita precisão, ele mostrou a pressão que recebeu, as dificuldades que encontrou, a carta que ele mandou ao presidente alertando sobre o avanço da doença”, argumentou.

    “O que o charlatão fez nesse sentido? Não me refiro ao presidente, mas ao médico. A forma é leve, vou medicar hidroxicloroquina e vai ficar bom, mas vai ficar bom se tomasse água de qualquer jeito”, diz o senador, que também é médico. 

    “Não há como a ciência se dobrar, nós todos sabemos que a doença só é evitada com vacina”, destacou Alencar.