Articulação para tucano ser líder da maioria reacende embate entre Aécio e Doria
Substituição na liderança da maioria tem como pano de fundo a disputa de forças que visam à sucessão no comando da Câmara.
A articulação para que o deputado tucano Celso Sabino (PA) se torne líder da maioria na Câmara reacende a disputa dentro do PSDB entre o ex-presidente do partido, Aécio Neves (MG), e o governador paulista João Doria.
Sabino teve o nome cogitado para o cargo hoje ocupado por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em uma articulação comandada por Arthur Lira (PP-AL). Esse parlamentar é um dos nomes fortes do Centrão e atua como líder informal do governo. A substituição na liderança da maioria tem como pano de fundo a disputa de forças que visam à sucessão no comando da Câmara.
Lira conta com o apoio de Aécio, que por sua vez viu em Sabino um aliado importante no processo que enfrentou no ano passado no Conselho de Ética do PSDB. O partido avaliava uma eventual expulsão do mineiro, hoje também deputado federal, mas o relatório de Sabino foi favorável a Aécio.
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Ao aceitar a indicação para a liderança, Sabino tomou a atitude sem consulta prévia à direção do partido, o que irritou o presidente nacional do PSDB, o ex-ministro Bruno Araújo. Daí a nota emitida pelo partido em que sinaliza abertura de processo de expulsão do deputado paraense.
Antes de se posicionar pela expulsão de Sabino, Araújo conversou com os quatro governadores do partido: Doria, o gaúcho Eduardo Leite, Reinaldo Azambuja (MS) e o acriano Gladson Cameli, que está prestes a trocar o PP pelo PSDB. O presidente tucano obteve aval de todos, assim como dos parlamentares com quem conversou nesta quarta-feira (5), para defender a saída do eventual líder da maioria.
O governador paulista não vai tomar posição pública em relação ao embate na Câmara, mas conta com a atuação dos deputados tucanos de São Paulo para fazer contraponto a Aécio e ao grupo que quer se aproximar, ainda que apenas nos bastidores, do governo Jair Bolsonaro. Hoje, essa bancada, apelidada de “bolsotucanos”, somariam de 5 a 10 parlamentares e estariam dispostos a pender para o apoio a Lira na disputa pela presidência da Câmara.