Em decisão contra Salles, Moraes fala em ‘esquema de facilitação ao contrabando’
O ministro do Meio Ambiente, o presidente do Ibama e outros servidores são alvos de busca e apreensão em operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (19)
Na decisão que autorizou a operação da Polícia Federal (PF) que tem como alvo o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, outros servidores do órgão e cinco empresas suspeitas de integrarem esquema de tráfico ilegal de madeira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que “o que se descortinou das investigações empreendidas foi a existência, em tese, de grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”.
A decisão é extensa e lista a suspeita de crimes de lavagem de dinheiro, contrabando e outros possíveis delitos. No documento, o ministro reproduziu organogramas montados pela PF que apontam o caminho do suposto tráfico internacional de madeira e o uso da estrutura dos órgãos públicos para a facilitação dos supostos crimes.
Moraes determinou ainda a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Salles – dentro do período no qual se tem a suspeita dos crimes. O presidente do Ibama, outros servidores da pasta e das cinco empresas suspeitas de ligação com o esquema também tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados por determinação do ministro do Supremo.
O afastamento do cargo do presidente do Ibama e de outros oito servidores da área foi determinado, a pedido da Polícia Federal, como medida substitutiva da prisão cautelar para impedir eventual destruição de provas e obstrução de Justiça.
Para impedir a continuidade de eventuais delitos, o ministro ainda concedeu, a pedido da PF, a anulação de uma determinação interna do Ibama que teria dado o caminho para facilitar a venda ilegal de madeira.
Salles se pronuncia
O ministro do Meio-Ambiente falou à imprensa no fim da manhã de quarta-feira sobre as investigações da Polícia Federal.
Salles afirmou ter sido surpreendido pela investigação e chamou-a de “exagerada” e “desnecessária”. Ele negou as acusações e declarou que “o Ministério do Meio-Ambiente, desde o início da gestão, atua sempre com bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal”, e que ainda não teve acesso ao inquérito.