Queiroga só deveria voltar à CPI após governadores, diz Marcos Rogério
O senador afirmou que não vê problema em uma possível reconvocação de Pazuello e disse que "não há nenhum movimento de blindagem"
Em entrevista à CNN, o senador e membro titular da CPI da Pandemia, Marcos Rogério (DEM-RO), avaliou que uma possível reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para prestar depoimento à comissão é um “desserviço à sociedade brasileira”.
Segundo o parlamentar, o atual chefe da pasta só deveria voltar à CPI após as oitivas com prefeitos e governadores, que devem ser votadas na sessão desta quarta-feira (26).
“Eu até entendo que essa reconvocação será necessária, mas eu deixaria ela mais para o final, depois de ouvir governadores, secretários estaduais, municipais e prefeitos. Assim que a investigação avançar, aí sim, você, de repente, faz a reconvocação para que você faça um novo depoimento a par desses depoimentos que estaremos tomando nos próximos dias”, afirmou.
Sobre uma possível nova oitiva com ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello — dessa vez sem um habeas corpus — Marcos Rogério disse que não será mais difícil defendê-lo e ressaltou que “não há nenhum movimento de blindagem”.
“Se algum ponto precisa ser esclarecido, é necessária a reconvocação. No caso do ex-ministro general Pazuello, eu acho que até existem pontos que realmente precisam ser enfrentados(…) Se a oposição entende que é preciso afastar essas dúvidas, não há problema nenhum que se faça essa reconvocação”, disse.
Convocação de prefeitos e governadores
O parlamentar, que desde o início da CPI defende que prefeitos e governadores sejam convocados para prestarem esclarecimentos, considerou a medida um avanço para comissão. Na avaliação dele, a investigação do Ministério da Saúde é importante, mas para se ter “credibilidade”, é necessário se debruçar sobre prefeitos e governadores.
“A CPI, para ter o mínimo de credibilidade, deveria investigar o Ministério da Saúde, mas [deveria também] seguir o caminho do dinheiro e investigar governadores e prefeitos, que administraram bilhões de reais no enfrentamento à Covid-19”, afirmou,
Kit Covid
Na avaliação de Marcos Rogério, a cloroquina — medicamento sem eficácia comprovada para tratar a Covid-19 — sofre um “embate” muito forte porque o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez propaganda da droga.
De acordo com o senador, outros fármacos que compõem o chamado “Kit Covid” não sofrem tantos ataques.
“Por que não há um ataque mais veemente com relação aos outros fármacos, como por exemplo a ivermectina e a azitromicina? Apenas a cloroquina e a hidroxicloroquina sofrem esse embate. Obviamente é porque um dia o presidente tirou do bolso do paletó uma cartela e mostrou para o público. Esse mesmo ataque não acontece em relação aos demais medicamentos que também não são recomendados por aqueles que são os ditos ‘pais da ciência'”, indagou.
Ao se referir aos “pais da ciência”, o parlamentar se dirigia a um grupo de senadores que não são médicos, mas opinam sobre o tema.