Coronavírus exige responsabilidade de Bolsonaro, diz Alcolumbre
Para presidente do Congresso Nacional, estimular a aglomeração de pessoas nas ruas diante da pandemia é "inconsequente"
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), cobrou responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (15) diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e criticou a presença do chefe do Executivo nos atos pró-governo.
Bolsonaro está em período de monitoramento para o contágio do coronavírus depois de pelo menos cinco membros da comitiva brasileira que visitou os EUA na semana terem testado positivo para o COVID-19. No entanto, o presidente foi às ruas de Brasília hoje e apertou as mãos de apoiadores.
“É hora de amadurecermos como Nação. Com a pandemia do coronavírus fechando as fronteiras dos países e assustando o mundo, é inconsequente estimular a aglomeração de pessoas nas ruas”, disse Alcolumbre em nota oficial. “A gravidade da pandemia exige de todos os brasileiros, e inclusive do presidente da República, responsabilidade! Todos nós devemos seguir à risca as orientações do Ministério da Saúde.”
Alcolumbre repetiu o que disse na entrevista exclusiva à CNN Brasil publicada mais cedo, afirmando que “convidar para ato contra os Poderes é confrontar a democracia.”
“É tempo de trabalharmos iniciativas políticas que, de fato, promovam o reaquecimento da economia, criem ambiente competitivo para o setor privado e, sobretudo, gerem bem-estar, emprego e renda para os brasileiros”, disse o presidente do Congresso.
A CNN Brasil entrevistou representantes dos três poderes. Assista às entrevistas com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados; o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal; e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Maia: Bolsonaro faz pouco caso
Maia também criticou o comparecimento de Bolsonaro aos atos pró-governo. Segundo Maia, Bolsonaro faz “pouco caso” da pandemia do novo coronavírus e deveria estar reunido com seus auxiliares para discutir medidas de combate à doença em vez de ir às manifestações — que, para o parlamentar, “atentam contra as instituições”.
Em uma sequência de posts no Twitter, Maia disse que “o mundo está passando por uma crise sem precedentes”, e que “há um esforço global para conter o vírus e a crise”.
“Por aqui, o Presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas. Isso é um atentado à saúde pública que contraria as orientações do seu próprio governo”, afirmou o deputado.
Em entrevista à CNN Brasil depois da divulgação das críticas, Bolsonaro disse que gostaria que Maia e Alcolumbre “saíssem às ruas” como ele.
Apesar do tom de desafio, o presidente também afirmou que gostaria de se aproximar dos chefes da Câmara e do Senado. Bolsonaro convidou Maia e Alcolumbre para uma reunião nesta segunda-feira (16) e disse que quer “deixar de lado qualquer picuinha que exista”.