Após pressão de parlamentares, Witzel exonera secretário
Deputados estaduais pressionaram pela saída de Lucas Tristão após a suspeita de que o secretário teria dossiês sobre os parlamentares
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), publicou nesta quarta-feira (3), em edição extra do Diário Oficial do estado, a exoneração do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Lucas Tristão. Essa é a sexta mudança no primeiro escalão do governo Wtizel em duas semanas. Tristão não retornou os contatos da CNN para comentar a exoneração.
O agora ex-secretário é investigado por uma fala a ele atribuída, de que teria dossiês montados contra os 70 deputados estaduais, o que despertou a suspeita de haver grampos nos gabinetes dos deputados. Parlamentares da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) fizeram pressão pela saída do secretário, que foi exonerado enquanto estava de férias.
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Tristão também é investigado no âmbito da Operação Placebo, que apura irregularidades nos gastos do enfrentamento à pandemia de Covid-19. Ele é citado ainda na decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deflagrou na semana passada uma diligência da Operação Placebo, da Polícia Federal, que também investiga os gastos da saúde durante a pandemia.
Na decisão, o ministro cita que os procuradores responsáveis pela investigação encontraram relação entre Tristão e o empresário Mário Peixoto, dono de empresas que têm contratos investigados e acusado de ser sócio oculto de empresas que mantém vínculo com o governo do estado.
Antes de Tristão, outros cinco secretários tinham deixado seus cargos nos últimos dias. André Moura, da Casa Civil, que fazia a articulação com a Alerj, deixou o cargo na semana passada, em uma medida interpretada como fortalecimento de Tristão. Junto com ele, também foi exonerado o secretário de Fazenda, Luiz Cláudio Rodrigues Carvalho.
O governador já tinha trocado o secretário estadual de Casa Civil, Marcos Vinícius Braga. Jorge Gonçalves, secretário de emprego e renda, deixou a função porque seu partido, o Republicanos — agora com o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro entre seus filiados — deixou o governo. E, antes disto, o secretário de saúde Edmar Santos, também investigado pelos gastos na pandemia, deixou a pasta e foi substituído por Fernando Ferry, diretor do Hospital Universitário Gaffrée & Guinle, da UniRio.
CORREÇÃO: Uma versão anterior deste texto dizia que Marcos Vinícius Braga era secretário estadual de Polícia Militar. Na verdade, ele era secretário da Casa Civil. O texto já foi corrigido.