Militares lideram defesa de Pazuello no STF
A despeito dessa força-tarefa, na prática, é evidente o incômodo com a crise
Os militares lideram a defesa de Eduardo Pazuello no Supremo Tribunal Federal (STF). Eles são o grupo dentro do governo que mais tem prestado apoio político a Pazuello e avaliam que o inquérito aberto no STF contra ele será a possibilidade efetiva, formal, jurídica e política de elencar todas as ações do ministro na pandemia e mais especificamente no Amazonas.
Tanto que grande parte dos dados que Pazuello vai utilizar em sua defesa no inquérito estão sendo levantados pelo Ministério da Defesa.
“Pazuello vai mostrar tudo o que as Forças estão fazendo na crise”, disse um ministro à CNN. Inclusive um dos documentos considerados mais relevantes: o que comprovaria que foram tomadas medidas em Manaus já no dia 8 de janeiro, data símbolo porque é a considerada quando Pazuello foi oficialmente informado da falta de oxigênio.
Ademais, já há uma numeralha sendo levantada com dados sobre cilindros, tanques líquidos e usinas de oxigênio entregues e pacientes transferidos. Em nível macro, serão apresentados dados sobre mortes no Brasil em proporção à população (hoje o Brasil ocupa o 18º lugar) e a posição na vacinação no mundo (hoje em 15º lugar).
“Ele não está fazendo nada que contribua para essas mortes e vamos mostrar isso”, disse um ministro.
A despeito dessa força-tarefa, na prática, é evidente o incômodo com a crise. Dizem que Pazuello virou ministro de maneira acidental na medida em que foi posto lá para ajudar Nelson Teich após a queda de Luiz Henrique Mandetta; mas, como Teich saiu, assumiu o posto.
O alvo real, consideram, é o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Assim, atacam o ministro para atingir o Palácio do Planalto já tendo em vista as eleições de 2022.
Falam também que ele está cumprindo uma missão de guerra dentro de uma estrutura – da Saúde – feita para tempos de paz.
Na avaliação dos militares, embora Pazuello esteja na ativa, ele está exercendo um cargo de natureza civil, o que é autorizado pela lei. Tecnicamente, então, não poderia se vincular sua gestão às Forças Armadas.