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    Audiência com diretores da Anvisa e Butantan é marcada por guerra de versões

    Parlamentares da Comissão Mista confrontaram diretores sobre a suspensão dos testes da Coronavac, vacina chinesa contra a Covid-19

    O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas
    O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas Foto: CNN (1°.set.2020)

    Tainá Farfan e Marília Ribeiro, da CNN, de Brasília

    Parlamentares da Comissão Mista destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária relacionadas à Covid-19 ouviram, nesta sexta-feira (13), o diretor presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, sobre a suspensão dos testes da Coronavac.

    Enquanto o diretor do Instituto Butantan afirmou que soube da suspensão dos testes pela imprensa, o diretor-presidente da Anvisa ressaltou que cumpriu os trâmites e fez a notificação da suspensão.

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    “Eu não estou colocando aqui se deveria ou não ter interrompido, acho até que faz parte dos estudos clínicos interrupções temporárias na ocorrência de dúvidas. O que mencionei foi o fato de que a interrupção foi anunciada ao Butantan pela imprensa e isso, obviamente, não é a melhor forma de fazer ou talvez é, mas que anunciasse ao Butantan antes para que não fôssemos pegos desprevenidos. Acabou-se criando uma situação até desnecessária, um conflito desnecessário em decorrência disso”, disse Dimas Covas.

    “Se o Butantan soube pela imprensa, é uma questão que precisamos registrar, porque o ofício foi enviado e a nota só foi para o nosso site 40 minutos depois, porque nós temos que fazer assim”, respondeu Barra Torres.

    O diretor do Instituto Butantan afirmou que a suspensão dos testes da vacina por um dia não teve efeito prático no andamento dos estudos. Para ele, as maiores consequências foram políticas: “Na verdade, os efeitos maiores foram os efeitos políticos decorrentes da forma de como isso aconteceu, quando isto aconteceu”, disse.

    O diretor da Anvisa destacou que não há interferência política na agência e que o instituto desenvolvedor e o laboratório são partes interessadas no processo e, por isso, existe um comitê independente, a Anvisa.

    Os dois diretores comentaram diversas vezes sobre a politização do caso e repercussão na mídia. A senadora Zenaide Maia (PROS-RN) lembrou que a grande repercussão foi causada também pelo comentário do presidente Jair Bolsonaro, que comemorou em suas redes sociais a suspensão dos testes.  
    “Não foi o Congresso Nacional e nem a população que politizou, quem politizou foi o presidente da República. O que chamou a atenção foi ele declarar publicamente a suspensão desses estudos como uma vitória dele”, afirmou a senadora.

    O diretor-presidente da Anvisa ainda comentou que servidores da agência viajaram para a China nesta sexta, mas as visitas às instalações da Sinovac, que fabrica insumos usados na Coronavac, e na Wuxi Biologics Co., que produz matéria prima para a vacina de Oxford, serão feitas apenas em dezembro, pois os servidores deverão ficar em quarentena por 14 dias.

    Dimas Covas ressaltou que a produção da vacina será feita em dois momentos: “A partir do dia 20, receberemos as primeiras vacinas produzidas na China, com um volume total de 6 milhões, e serão produzidas outras 40 milhões de doses, até o final de dezembro, meados de janeiro, chegando ao total de 46 milhões de doses”, disse. “Um dia com vacina faz muita diferença e, pelo andar da carruagem, com a evolução da pandemia, essa vacina será necessária o mais rapidamente possível”, completou.