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    CPI da Pandemia ouve o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta

    Ex-ministro Nelson Teich também seria ouvido hoje, mas depoimento foi adiado para esta quarta-feira, às 10h

    Bia Gurgel, Murillo Ferrari e Renato Barcellos, da CNN, em Brasília e São Paulo

    Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em depoimento na CPI da Pandemia
    Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em depoimento na CPI da Pandemia
    Foto: Jefferson Rudy – 4.mai.2021/Agência Senado

    A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 ouviu o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, primeiro convocado para as oitivas.

    O ex-ministro Nelson Teich também seria ouvido nesta terça-feira (4). No entanto, conforme a assessoria do senador Omar Aziz (PSD-AM), a oitiva do médico foi transferida para esta quarta-feira (5), às 10h. Também foi adiado o depoimento do general e ex-ministro Eduardo Pazuello, que pediu para não comparecer após ter contato com pessoas contaminadas pela Covid-19. Pazuello agora será sabatinado no dia 19 de maio.

    Resumo da CPI da Pandemia:

    Questões ao ex-ministro: Mandetta foi questionado sobre as ações como ministro da Saúde no governo de Jair Bolsonaro e afirmou que não havia interesse por parte do governo de fazer uma campanha oficial de orientação sobre a doença. “Aquelas entrevistas [diárias] só existiam porque não havia o normal quando se tem uma doença infecciosa: você ter uma campanha institucional, como foi [feito], por exemplo, com a Aids – havia uma campanha em que se falava como pega e orientava as pessoas a usarem preservativos”. Leia mais aqui.

    Bula da cloroquina: Ao ser questionado pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI, Mandetta também afirmou que a ordem para utilizar cloroquina no combate à Covid não saiu do Ministério da Saúde. “Cloroquina com uso indiscriminado tem margem de segurança estreita. Não é aquela coisa ‘se bem não faz, mal não faz’”. Ele também afirmou que um “aconselhamento paralelo” do presidente sugeriu que a bula da cloroquina fosse alterada pela Anvisa para acrescentar a informação de combate à Covid. Leia mais aqui.

    ‘Uso compassivo’: O ex-ministro afirmou que durante sua gestão foram feitos estudos e pesquisas para o uso do medicamento. No entanto, com a teoria do uso em larga escala, Mandetta disse que “nunca” recomendou que o uso da droga fosse adotada. Segundo ele, em uma “tentativa heroica”, recomendou o uso compassivo, mas, ainda conforme o ex-ministro, “não funcionou para nenhum caso”. 

    Síndrome pós-Covid: Mandetta argumentou que o Ministério da Saúde deveria se preocupar também com as sequelas deixadas pela doença. “Já está na hora de a gente fazer os ambulatórios pós-Covid em todo o território nacional para poder se reestruturar”, disse.

    Lockdown: Segundo o ex-ministro, o Brasil não fez nenhum lockdown, apenas tomou medidas “depois do leite derramado”. Mandetta afirmou que o país sempre esteve um passo atrás do vírus e ressaltou que foram poucos os prefeitos e governadores que se preveniram. 

    Vacinas: O médico confirmou que já tinha a convicção de que doença infecciosa se enfrenta com vacina. No entanto, ele defendeu a sua atuação, afirmando que, durante a sua gestão, não existiam imunizantes contra a doença desenvolvidos.

    “A porta de saída era a vacina, mas ela ainda estavam no momento de concepção de fórmula ou na fase 1. Em maio, depois de eu ter saído do ministério, é que a primeira vacina começa a ter a fase 2. Teria ido atrás como um prato de comida. A gente sabia que a saída era pela vacina.”

    Mandetta disse ainda que não acha “inteligente” expor pessoas para contrair doenças acreditando em remédios e ressaltou que “a vacina tem mais possibilidades”.

    Para o ex-ministro, se o Brasil tivesse comprado vacinas contra a Covid-19 em agosto, não haveria uma segunda onda.

    Segunda onda: “Essa segunda onda que estamos passando é o ápice desse tipo de decisão toxica e equivocada. Se tivéssemos feito educação em saúde, promoção em saúde, que é feita pelos ídolos, pelos atletas, utilizar o que o país tem de melhor, acredito que teríamos tido menos casos. Se tivéssemos tido mais vacinas, essa segunda onda não teria acontecido”

    Abandono do cargo: Durante o depoimento, o ex-ministro afirmou que “sempre deixou claro” que não abandonaria o cargo. No entanto, segundo ele, após o presidente Jair Bolsonaro demiti-lo, o chefe do Executivo continuou com as mesmas práticas negacionistas.

    “Agora, como cidadão, eu posso, sim, criticar, porque eu não vi, mesmo após eu ter saído, mesmo após eu ter visto negar uso de máscara, negar uso de higiene das mães, negar compra de vacina, negar a questão da testagem, uma série de negações, negações, negações… Eu, como cidadão, hoje, 410 mil vidas me separam do presidente.”

    Aconselhamentos e ‘gripezinha’: O ex-ministro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro parecia se consultar com outras pessoas a respeito da questão sanitária que não fossem apenas ele e a equipe do Ministério da Saúde. Luiz Henrique Mandetta argumentou que o pronunciamento em que o presidente classificou a Covid-19 como uma “gripezinha” foi uma surpresa a todos.l

    Paulo Guedes e Robeto Campos Neto: Para Mandetta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, é “desonesto intelectualmente” e “um homem pequeno para estar onde está”. O ex-ministro afirmou que no momento que o que mais ameaçava a economia era a saúde, Guedes se distanciou. 

    “Se eu fosse da Economia ia até o ministro e perguntava o que estava acontecendo para resolver. Houve um distanciamento dele”, disse.

    Embora tenha criticado Paulo Guedes, Mandetta elogiou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

    “Esse, sim, ligava, perguntava, mandava informações que captava no mercado, extremamente atencioso com coisas de economia e impacto nas coisas públicas. Ajudou muito. O da Economia não ajudou em nada.”

    Trabalhos técnicos: Mandetta contou que tinha desistido de tentar a reeleição para deputado e planejava se mudar para o Rio de Janeiro. No entanto, ao receber o convite para comandar o Ministério da Saúde, ele disse que aceitou o cargo desde que fosse com embasamento técnico.

    Segundo o ex-ministro, “na hora que veio a necessidade do trabalho técnico, não queriam mais o trabalho técnico”. 

    O médico ressaltou que convidou “os melhores” profissionais para compor a pasta e reclamou que houve desmonte da equipe durante a gestão. Leia mais aqui.

    Depoimento de Pazuello adiado: Outro ponto que ganhou destaque na CPI, além do depoimento de Mandetta, foi o adiamento da oitiva do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, previsto para esta quarta-feira (5). Embora o presidente da CPI, Omar Aziz, tivesse afirmado que o cronograma estava mantido, o depoimento de Pazuello foi remarcado para o próximo dia 19 após uma solicitação do Ministério da Defesa. Mais cedo, na abertura dos trabalhos, a CPI da Pandemia teve a informação de que o general queria adiar o depoimento por causa do contato com pessoas que testaram positivo para Covid. Leia mais aqui.

    Requerimento: Pouco antes do início da oitiva de Mandetta, a CPI aprovou de forma simbólica o requerimento para solicitar duas auditoras do Tribunal de Contas da União (TCU) para auxiliar nos trabalhos da comissão.

    Oitiva de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, na CPI da Pandemia
    Oitiva de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, na CPI da Pandemia
    Foto: Jefferson Rudy – 4.mai.2021/Agência Senado

    Oitiva de Teich adiada

    Além de Mandetta, a CPI da Pandemia ouviria nesta terça-feira (4) o também ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A oitiva estava prevista para começar às 14h.

    No entanto, conforma a assessoria do presidente da comissão, senador Omar Aziz, o depoimento do médico foi remarcado para esta quarta-feira (5), às 10h.

    Teich, que ficou apenas 29 dias no cargo, deve ser questionado sobre as negociações com as farmacêuticas sobre vacinas já que foi na sua gestão que o governo começou esse processo.

    Entre as perguntas está, por exemplo, o questionamento sobre o plano que Teich, ao deixar o ministério, disse ter recomendado ao governo e que nunca foi executado – o roteiro do relator prevê, ao menos, 36 perguntas ao ex-ministro.

    O principal assunto, contudo, deverá ser a hidroxicloroquina, principal motivo de sua saída do governo. A ideia é mapear a responsabilidade de Bolsonaro na gestão. O ponto negativo que está no roteiro inicial de perguntas é o aumento exponencial de internações e óbitos durante seu período no cargo.

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