União deve liderar combate ao coronavírus no Brasil, diz governador do ES
Em entrevista exclusiva à CNN, Renato Casagrande afirma que momento é de "preparação para guerra" e disse ser contra fechamento de fronteiras entre estados
Na véspera da esperada reunião entre os governadores do sudeste e o presidente Jair Bolsonaro, ele disse acreditar que Bolsonaro está convencido da gravidade do desafio, que o governador disse ser “preparação para um ambiente de guerra”.
“Estou com expectativa positiva [para a reunião]. Nós queremos que o governo federal assuma a liderança desse processo. O presidente da República, na minha avaliação, nesses últimos se convenceu ou foi convencido de que é preciso dar importância, apresentando propostas importantes para o enfrentamento ao coronavírus”, disse Casagrande.
Apesar de elogiar a posição de Bolsonaro nos últimos dias, o governador disse que a União tem que liderar porque o coronavírus não é “uma histeria” ou “uma gripe pequena”, em referência à falas recentes do presidente.
A reunião será realizada após dias de tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores dos estados que tomaram medidas mais restritivas de quarentena, como João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. O encontro será por teleconferência.
O governador do Espírito Santo afirmou ser contra, neste momento, o fechamento de divisas entre estados. O Espírito Santo faz fronteira com o Rio de Janeiro, segundo estado mais afetado pela COVID-19. Segundo Casagrande, a medida dificultaria o abastecimento no estado, inclusive de materiais necessários para o combate à pandemia.
“Com relação ao fechamento de divisas, acho uma medida pouco eficaz. Você não pode fechar o transporte de carga, de insumos médicos. O mais importante é conscientizar as pessoas que elas são podem ficar se mobilizando. Esse é um trabalho que estamos fazendo todos juntos”, afirmou.
Dificuldades
O governador Renato Casagrande manifestou especial preocupação com o rápido crescimento no número de casos do novo coronavírus em todo o mundo. “Não sabemos bem o que vai acontecer. No mundo, os primeiros 100 mil casos levaram 45 dias, os outros 100 mil casos levaram 13 dias, os outros 100 mil casos levaram 5 dias e os 400 mil em 3 dias. Os casos crescem em velocidade exponencial”, disse.
Segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há 375 mil casos de COVID-19 no mundo, com 16.362 mortes. No Brasil, são 2.201 casos, dos quais 33 estão no Espírito Santo. Não há nenhuma morte registrada no estado capixaba até o momento.
Orçamento
Casagrande afirma estar expandindo a capacidade de leitos no estado, mas diz estar tendo dificuldades para adquirir produtos de proteção pessoal para profissionais de saúde, máscaras e respiradores. Ele disse que levará a questão ao presidente Jair Bolsonaro.
Apesar de governar um estado em situação fiscal considerada confortável em relação à média, Renato Casagrande vê riscos à saúde orçamentária do Espírito Santo durante a crise atual. “Em um momento de aumento de despesas, vamos perder em torno de 15% das nossas receitas, pela queda da arrecadação”, argumentou.
Nesse sentido, ele também defende mais participação do governo federal, citando que a União tem instrumentos de endividamento que os estados não possuem, como a emissão de títulos e o aumento no déficit fiscal.