Saída de vice-líder do governo na Câmara enfraquece ala radical
Bia votou junto com uma corrente contrária ao texto, o que ficou tachado de "o grupo dos 7", quase todos do PSL
O desligamento da deputada Bia Kicis (PSL-DF) da liderança do governo na Câmara marca uma tentativa de governistas em controlar a ala mais radical de apoio ao bolsonarismo.
Na votação da Câmara, que confirmou o aumento e a continuidade do Fundeb, o Fundo da Educação Básica, Bia votou junto com uma corrente contrária ao texto, o que ficou tachado de “o grupo dos 7”, quase todos do PSL, justamente a ala que se intitula mais fiel a Jair Bolsonaro. Além de Bia Kicis, os outros deputados são: Chris Tonietto (PSL-RJ), Filpe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG), Luiz Philippe (PSL-RJ), Marcio Labre (PSL-RJ) e Paulo Martins (PSC-PR).
Leia também:
Após votar contra Fundeb, Bia Kicis é dispensada da vice-liderança do governo
Bolsonaro é aconselhado a se afastar de radicais para se reeleger
‘Só perguntar a eles’, diz Bolsonaro sobre aliados que foram contra Fundeb
Em uma transmissão de vídeo após a votação, Bia rebateu o líder de governo na Câmara, Vitor Hugo, que orientou pela aprovação do texto. De acordo com ela, o deputado se viu obrigado a ceder. “Os líderes têm obrigação de fazer esse jogo ou então o governo não aprova nada lá dentro”, disse.
A postura do grupo foi duramente criticada pelo restante da base bolsonarista, o que expôs uma fratura grave entre eles. “É uma galera muito ideológica. Tem muito radical. Sete engraçadinhos que votaram contra para dizer que o presidente virou as costas para a pauta conservadora. Esses sete potencializaram isso, como se eles fossem os heróis, os únicos conservadores”, afirmou à CNN um dos parlamentares mais próximos de Bolsonaro, e que votou a favor do Fundeb.
Antes da destituição de Bia, houve muita discussão em grupos de WhatsApp que reúnem parlamentares bolsonaristas durante toda votação ainda na noite de terça-feira. E, nesta quarta, não foi diferente.
A votação transformou o Fundeb, criado em 2007, ainda na gestão Lula, em uma política permanente.
“Ela é a vice-líder do governo, precisa se tocar. Eles são muito egoístas, acham que os recursos vão ser usados para fomentar o esquerdismo. A gente torce, claro, para que a professora que vai receber reajuste no salário por causa do Fundeb não seja de esquerda. Mas, se for, tanto faz. O que importa é que ela ajude a criança”, disse a fonte antes da destituição de Bia Kicis do cargo de vice líder ser confirmada.
Bolsonaro publicou uma mensagem em que comemorou a renovação do Fundeb. Na mesma rede social, o grupo dos 7 comandado por Bia fez publicações contrárias. A deputada defendeu que as aulas fossem gravadas como medida para controlar o conteúdo que deverá receber mais recursos do fundo.
Há expectativa de que o presidente volte a falar de Fundeb na live desta quinta-feira. O fundo ainda precisa passar pelo Senado, nas próximas semanas. Procurada, Bia Kicis não retornou às ligações da coluna.