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    Bancada do Agro critica decisão que suspende reintegrações envolvendo índios

    Texto dos deputados vê "abuso do poder judicial nas mãos individuais de ministros do Supremo Tribunal Federal"

    Iuri Pittada CNN

    Não é só o Executivo que tem se queixado de decisões recentes do Supremo Tribunal Federal. Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) estão irritados com o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, por ter decidido suspender processos judiciais relacionados a reintegração de posse e anulação de demarcação de terras indígenas. O recurso do magistrado atende a pedido da Comunidade Indígena Xokleng da Terra Indígena Ibirama La Klaño e foi deferido na quarta-feira (6). 

    Em nota de repúdio assinada pelo presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), os parlamentares ruralistas afirmam que a decisão “instaurou um cenário de perplexidade social e insegurança jurídica na sociedade, violando gravemente o postulado da separação de poderes”. Para a bancada, a mais numerosa da Câmara dos Deputados, trata-se de “um verdadeiro salvo-conduto para invasão de propriedade”. 

    O texto dos deputados ligados ao agronegócio faz coro a uma das queixas que têm sido recorrentes no governo federal, ao mencionar “abuso do poder judicial nas mãos individuais de Ministros do Supremo Tribunal Federal e contribuem para minar a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas”. 

    “O STF é o principal órgão do Poder Judiciário brasileiro e possui a legitimidade de analisar a constitucionalidade de atos dos demais poderes. Contudo, os membros do Tribunal devem respeito ao seu órgão máximo, o Plenário da Corte, bem como a separação de Poderes da República”, diz o texto da FPA. “Essa nota de repúdio tem como norte externar a indignação dos parlamentares da FPA em relação às decisões do Ministro Edson Fachin, as quais são capazes de desestabilizar a sociedade neste momento mundial em que o alimento deve chegar à mesa da população.” 

    Proteção durante a pandemia 

    Ao decidir pela suspensão dos processos judiciais, Fachin reconhece a “sensibilidade” das ações que envolvem questões indígenas e argumenta que a medida tem o objetivo de proteger os índios em meio à pandemia do novo coronavírus. 

    “É notório que os indígenas, desde as primeiras incursões em terras brasileiras, sofreram com as doenças trazidas, e que essas moléstias foram responsáveis, até recentemente, por dizimarem etnias inteiras pelo interior do País, dada a falta de preparo do sistema imunológico dos índios às enfermidades”, escreveu o ministro do STF. 

    “A manutenção da tramitação de processos, com o risco de determinações de reintegrações de posse, agravam a situação dos indígenas, que podem se ver, repentinamente, aglomerados em beiras de rodovias, desassistidos e sem condições mínimas de higiene e isolamento para minimizar os riscos de contágio pelo coronavírus”, prosseguiu Fachin. “Incide, no caso, o princípio da precaução, com assento no artigo 225 da Constituição da República, a exigir do Poder Público um atuar na direção da mitigação dos riscos socioambientais, em defesa da manutenção da vida e da saúde.”

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