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    Bolsonaro trocou de posto de combustível

    Pressionado pela crise e preocupado com seu futuro político, presidente colocou Guedes na reserva e recorreu à receita consagrada no regime militar

    O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Economia, Paulo Guedes 
    O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Economia, Paulo Guedes  Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

    Fernando Molicada CNN

    A ausência do ministro Paulo Guedes no lançamento do Pró-Brasil  — plano de recuperação da atividade econômica  — e a ênfase no investimento público indicam que o presidente Jair Bolsonaro resolveu abastecer seu carro em outro lugar e, ao menos por ora, deixou de lado seu posto Ipiranga. 

    Desde meados do ano passado que Bolsonaro cobrava de Guedes a retomada do crescimento, algo que lhe fora prometido para depois da reforma da Previdência. A recuperação, que veio tímida, acabou atropelada pelo novo coronavírus, que fez desabar a economia. 

    Batizado no liberalismo mais por conveniência do que por convicção, pressionado pela crise e preocupado com seu futuro político, o presidente não se satisfez com a concessões feitas pela equipe econômica, colocou Guedes na reserva e recorreu à receita consagrada no regime militar.

    A mesa que anunciou o Pró-Brasil  — nome que carrega a marca do nacionalismo — foi comandada por dois generais que, apesar do terno, demonstravam não ter abandonado a farda. Tudo remetia à lógica de investimentos estatais que atingiu o ápice no governo Ernesto Geisel (1974-1979).

    O pacote lembra o PAC do petismo mas também os planos nacionais de desenvolvimento nascidos durante a ditadura. É como se, no sufoco, Bolsonaro tivesse optado por encher o tanque de seu governo num posto Petrobras, um dos símbolos da presença estatal na economia e nas ruas.

    Não importa que os tempos tenham mudado e que a estatal não controle mais a rede BR — é na sombra daquela marca verde e amarela que o presidente se sente mais seguro e se reconcilia com seu passado de militar e de deputado fiel à lógica estatizante.