Mourão: Desmatamento ilegal na Amazônia cresceu e meta é controlar queimadas
Vice-presidente também disse que defende escolha de 'nome técnico' para substituir Abraham Weintraub no Ministério da Educação
Em fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu reativar o Conselho da Amazônia, mas não mais como parte do Ministério do Meio Ambiente. O órgão passou a ser comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).
Em entrevista exclusiva à CNN, Mourão mudou o discurso que vigorava até o início deste ano por parte do governo e admitiu que o desmatamento ilegal cresce no país. “Essa questão do desmatamento ilegal é algo que extrapolou realmente, nós temos que reconhecer”, disse o vice-presidente.
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A razão, segundo ele, seria a crise econômica vivida pelo país nos últimos anos, que enfraqueceu a capacidade de fiscalização por parte das agências reguladoras. “Desde 2012, houve uma ascensão do desmatamento em razão da falta de recurso, da carência de recurso. O país entra em crise e começa a perder recursos, as agências fiscalizadoras perdem capacidade em termos de pessoal, gente se aposentando e não sendo contratada, pela necessidade de fazer concurso”, argumenta.
Sem fazer críticas diretas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o vice afirmou que “esse ano, nós começamos atrasados em relação ao desmatamento”. “Tínhamos que estar desde o ano passado com operações mais intensas. A minha visão, para o segundo semestre desse ano, é que as queimadas que acontecem naturalmente estejam nas mínimas históricas e não em um patamar mais elevado, como foi o ano passado”, disse.
Desde a posse de Mourão como presidente do Conselho da Amazônia ganhou força a chamada Operação Verde Brasil, que envolve militares das Forças Armadas no combate ao desmatamento ilegal e às queimadas. O vice-presidente, no entanto, afirmou que os militares não estão assumindo o papel das agências, mas apenas fornecendo meios logísticos e garantindo a segurança dos agentes.
Entre as prioridades do Conselho, diz Mourão, está também o aspecto econômico da região. “Só mesmo tempo, melhorarmos a vida das pessoas que habitam nessas regiões, porque a imensa maioria não tem título de terra e não tem assistência rural”, disse.
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Ministério da Educação
O vice-presidente defendeu a escolha de um “nome técnico” para o cargo de ministro da Educação e diz que a proximidade dos cotados com o escritor Olavo de Carvalho “não vai ser um fator preponderante”. “Temos que buscar um nome técnico, que conheça o sistema educacional, e excelente gestor, independente do posicionamento.”
Segundo apuração da CNN, a chamada “ala militar” do governo defende o nome do empresário Renato Feder, secretário de Educação do Paraná. De acordo com o analista Igor Gadelha, Feder se reúne nesta terça-feira (23) com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília.
Sobre o ex-ministro Abraham Weintraub, Mourão disse que acompanhou pela imprensa as informações sobre a viagem dele aos Estados Unidos. A respeito da gestão que Weintraub realizou no MEC, o vice disse que “não foi bem sucedida” nas mudanças de programas atuais que tentou implementar. Ele ainda ponderou que para assumir um cargo no Banco Mundial, o ex-ministro ainda precisa passar por um processo de aprovação interna na instituição.
(Edição: Paulo Toledo Piza).