Mortes por Covid-19 no interior de SP crescem com o dobro do ritmo da capital
Número de óbitos no interior cresceu 54% em 10 dias, enquanto na região metropolitana aumento foi de 24% no mesmo período
As mortes pelo novo coronavírus no interior do estado de São Paulo vêm preocupando o governo – e não é de hoje. A razão pra que isso tenha acendido um alerta vermelho na gestão Doria é o crescimento a galope dos indicadores. Mesmo com expansão de leitos de UTI, os casos da doença estão se multiplicando e provocando ainda mais mortes.
Um levantamento da CNN mostra que no interior as mortes cresceram 54% em apenas 10 dias, enquanto o crescimento na região metropolitana da capital paulista foi de 24% no mesmo período. A reportagem analisou o intervalo mais crítico para as franjas do estado: o período de 16 a 26 de junho.
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Na região metropolitana de São Paulo, o governo registrava 8.665 mortes no dia 16/6 e em 26/6 o número já tinha subido para 10.779 mortes, um avanço de 24%. Nesse mesmo período, as mortes saltaram no interior de 2.068 para 3.187, ou seja, um crescimento de 54%.
Em meio a esse ritmo acelerado de propagação do coronavírus, 53 cidades resolveram retroagir na flexibilização do comércio e impuseram medidas mais rígidas do que as impostas pelo governo estadual. Foi o caso de Campinas e Sorocaba, importantes para a economia paulista.
Fases desagradam setor de beleza
Uma das principais reclamações sobre o programa faseado de recuperação da economia é do setor de beleza e estética. Os salões de cabeleireiro, por exemplo, foram incluídos na fase amarela do plano de recuperação da economia de São Paulo – junto com bares e restaurantes. E neste momento não há nenhuma cidade nesta fase.
Na próxima segunda-feira, 29/6, cerca de 15 cidades da região metropolitana de São Paulo, além da própria capital, vão passar para a fase amarela. Mas mesmo assim, o governo pediu para que os municípios esperem pelo menos uma semana para liberar o funcionamento de salões, bares e restaurantes. A maior parte dos prefeitos já aceitou.
Muitos cabeleireiros e empresários desse ramo, acreditam que até mesmo aqueles salões maiores, quando a crise passar, vão voltar a funcionar, mas um pouco menores. “Na realidade o que a gente tem feito é tentado ser criativo o máximo que pode, tentando o que consegue fazer no delivery, mas é muito pouca coisa que a gente consegue fazer assim”, disse a cabeleireira Jô Nascimento.
“Entregar um produto de repente rola, mas um atendimento você não consegue fazer. Então o que tá acontecendo muito e na minha opinião não é uma maneira mais saudável são os atendimentos domiciliares. Eu mesmo me desloco daqui para outras cidades, para atender famílias queridas que me prestigiam há anos e eu não queiro deixar eles na mão, então a gente está indo até eles para poder dar uma acolhida, um atendimento, mas não acho que é a maneira melhor para isso ser feito, né?”, afirmou.
Oeste vermelho
Nessa sexta-feira o mapa de flexibilização da economia em São Paulo ganhou uma grande faixa vermelha na região oeste. Na prática, uma série de cidades que estão mais próximas do Mato Grosso do Sul acabaram tendo que voltar atrás e fechar tudo, deixando apenas o que for essencial funcionando. Para o governo, o baixo isolamento contribuiu.
“Isso se dá ao fato da aceleração da epidemia na região e pela sua capacidade hospitalar, que foi dobrada nesse período, e portanto a necessidade de aumento do isolamento social nessas regiões do estado – utilização de máscaras também. Mas a gente pode verificar, como na região de Presidente Prudente, o baixo isolamento social em todo o período da quarentena, e daí a necessidade de um aumento do delta nesse período para sair da fase vermelha na próxima atualização aqui do estado de São Paulo”, disse à CNN o Secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.