Poder público deve responsabilizar violência policial, diz professor de direito
Thiago Amparo fala sobre atos contra o racismo e compara situação entre Estados Unidos e Brasil
O professor de direito da Faculdade Getulio Vargas (FGV), Thiago Amparo, conversou com a CNN nesta quarta-feira (3) sobre as manifestações que têm como pautas o fim do racismo e da violência policial que ocorrem nos Estados Unidos e em países da Europa, como na França e no Reino Unido. O estopim dos protestos foi a morte de George Floyd, um americano negro sufocado por um policial branco, que se ajoelhou sobre seu pescoço por mais de 8 minutos.
Segundo o professor, tanto nos EUA quanto no Brasil, o poder público deveria revisar os parâmetros operacionais da polícia e criar mecanismos de responsabilização para casos brutais. Ele apontou a violência contra a população negra.
“Lembrando que, na sociedade brasileira, os negros são a maioria, e nos Estados Unidos são maioria também, mas no que diz respeito a sofrer mais com a violência policial”, contou.
“A demanda das pessoas hoje nos Estados Unidos está muito relacionada à responsabilização não só dos policiais envolvidos no caso de George Floyd, mas de todo o sistema policial”, disse.
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Nos EUA, de acordo com o professor, são criados mecanismos de proteção para os policiais, que acabam não sendo responsabilizados por seus atos.
“No caso de Minneapolis, o interessante é que o próprio chefe da polícia é negro e, em 2007, denunciou o departamento por racismo. Ele tentou e tem tentado reformar o sistema ali, mas existem mecanismos de proteção em relação aos policias como forma de revisão dos casos, e que acabam revertendo boa parte das condenações”.
Brasil
Amparo falou sobre as manifestações que ocorrem no país devido a esse tipo de violência policial e afirmou que é preciso uma maior adesão da população para o movimento ter ainda mais força.
“Falta mais solidariedade inclusive de pessoas brancas, como vimos nos protestos nos Estados Unidos, em que fizeram um corredor entre a polícia e pessoas negras”.
(Edição: André Rigue)