China corta taxas sobre ações pela primeira vez desde 2008 para estimular mercado
Medida refletiu nas bolsas chinesas e ações se recuperaram nesta segunda-feira (28)
A China tomou uma série de medidas para restaurar a confiança de seus investidores, incluindo a redução de um imposto sobre ações pela primeira vez desde 2008.
As novas medidas impulsionaram os papéis chinesas na abertura desta segunda-feira (28), após uma grande fuga de capital nas últimas semanas devido a investidores estrangeiros que venderem bilhões de dólares em ações, devido à má expectativa com a economia da China.
No entanto, a alta perdeu o ritmo ao longo do dia, à medida que os investidores voltaram a preocupar-se com a crise imobiliária da China e com as fracas perspectivas de crescimento.
Redução de taxas
O imposto aplicado sobre as negociações de ações, que era de 0,1%, seria reduzido pela metade a partir de segunda-feira, de acordo com um comunicado conjunto do Ministério das Finanças e da Administração Fiscal do Estado divulgado no domingo (27).
A medida visa “revigorar o mercado de capitais e aumentar a confiança dos investidores”, disseram os reguladores.
Esta é a primeira redução do tipo desde 24 de abril de 2008, quando Pequim reduziu a taxa sobre a negociação de ações de 0,3% para 0,1% para sustentar o mercado durante a turbulência causada pela crise financeira global.
Esse movimento desencadeou imediatamente um aumento de 9,3% no Índice Composto de Xangai, marcando o segundo maior ganho diário já registado na altura.
“A implicação da redução do imposto é muito maior do que apenas algumas poupanças nos custos de negociação para os investidores, pois enviou sinais ao mercado de que a gestão de topo presta grande atenção ao mercado de ações da China, para revitalizar o sentimento de investimento”, disse Chris Liu, gerente sênior de portfólio de ações da China na Invesco.
Medidas para aumentar confiança
Separadamente, no domingo, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês), o principal órgão de fiscalização de valores mobiliários do país, também revelou diversas medidas para “aumentar a confiança dos investidores” no fraco mercado de ações.
As medidas incluíram a redução da quantidade de garantias que os corretores de ações devem manter com seus corretores, desacelerando o ritmo das ofertas públicas iniciais e estabelecendo restrições sobre quanto e com que frequência os principais acionistas de empresas listadas podem vender suas ações no mercado de ações, de acordo com diversas declarações pela CSRC.
Situação delicada no mercado
Os mercados de ações da China caíram acentuadamente nas últimas semanas, à medida que os investidores se preocupam com a piora da economia chinesa e com a sua crise imobiliária.
Com a desaceleração do crescimento do PIB da China em maio, a fuga de investidores começou a se agravar.
Em três semanas a partir do dia 7 de agosto, investidores offshore venderam um montante líquido de 78 mil milhões de yuans (R$ 52,25 milhões) em ações chinesas, de acordo com dados do programa de negociação Stock Connect de Hong Kong.
As medidas anunciadas “ajudam a melhorar a liquidez do mercado e a reduzir a oferta de ações, o que é positivo para a situação geral de oferta e demanda no mercado de ações A da China”, disse Chris Liu, referindo-se às ações baseadas em yuan de empresas chinesas que negociam no mercado de Xangai ou na Bolsa de valores de Shenzhen.
O índice Hang Seng de Hong Kong registrou pico de 3,4% na segunda-feira, antes de reduzir os ganhos para 1%.
Já o Índice Composto de Xangai ganhou até 5% no início das negociações. Contudo, o índice fechou o pregão com ganhos de 1,1%.
“Embora o governo chinês tenha conseguido melhorar temporariamente o sentimento dos investidores, são necessárias medidas mais concretas para resolver a crise do sector imobiliário e reverter as expectativas pessimistas para a economia da China”, disse Ken Cheung, estrategista-chefe de câmbio estrangeiro asiático do Mizuho Bank.
No dia 18 de agosto, o Hang Seng caiu mais de 20% em relação ao seu máximo mais recente, atingido no final de janeiro.
Na segunda-feira, o Hang Seng havia caído 10% no ano, enquanto o Shanghai Composite perdeu 0,6%.