Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Houve negacionismo por parte da União e não podemos descartar dolo, diz Tasso

    Senador do Ceará afirma que Brasil poderia ter 'muito menos óbitos' se governo tivesse incentivado distanciamento e compra de vacinas desde início da pandemia

    Texto por Guilherme Venaglia, produzido por Iuri Pitta e Jorge Fernando Rodrigues, da CNN, em São Paulo

    Um dos 11 senadores escalados para compor a CPI da Pandemia, Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou nesta quinta-feira (29), em entrevista à CNN, avaliar que “houve negacionismo” por parte do governo federal no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

    Tasso não descartou que a CPI conclua que, além de responsabilidade pela sucessão de fatos da pandemia no Brasil, há “dolo” em erros que foram cometidos. O senador argumentou que o país teria “muito menos óbitos” se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus auxiliares tivessem defendido o distanciamento social e a compra de vacinas desde o início da pandemia.

     

    “É isso que a CPI vai investigar. Alguns acham que existe dolo também, outros acham que não. Outros até acham não existiram culpados e esse número de mortos teria acontecido em qualquer governo e em qualquer circunstância. A mim não parece assim, até porque houve, por parte do governo federal, um negacionismo desde o primeiro momento da pandemia”, afirmou o parlamentar.

    O senador Tasso Jereissati citou a chamada teoria da “imunidade de rebanho”, em que o fim da pandemia se daria quando um determinado percentual já estivesse contaminado com o novo coronavírus. Para o parlamentar, um crime estaria configurado caso a CPI comprove que alguém intencionalmente incentivou a contaminação com esse objetivo.

    “Havia uma teoria rodeando o governo, que algum estudioso fora do país teria feito, que a pandemia se acaba com a tese do rebanho e que, enquanto não se atingisse o efeito rebanho, a pandemia não iria acabar. Se alguém acreditava nisso e tentou implementar um sistema para que as pessoas se contagiassem e rapidamente chegássemos a esse nível, pode ser considerado dolo também”, argumenta.

    Senador Tasso Jereissati durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça
    Senador Tasso Jereissati durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça
    Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Para Tasso, o objetivo dos aliados do governo de expandir o foco da CPI busca “esvaziá-la”. “No entanto, se, no decorrer da investigação, haja um fato conexo que leve a uma corrupção ou a um desvio em qualquer estado, a CPI deve prolongar essa investigação.”

    Eleições 2022

    O senador Tasso Jereissati afirmou que os senadores não devem tratar das eleições de 2022 durante os trabalhos da CPI da Pandemia.

    “Seria uma irresponsabilidade dos senadores que compõem a CPI tratar isso como uma questão eleitoral ou eleitoreira. Nós estamos falando de 400 mil mortos. Tem gente falando que podemos chegar aos 500 mil ou até passar de 500 mil”, afirmou. 

    O tucano admitiu, questionado, que não está descartada a hipótese de que seja candidato a presidente da República nas eleições de 2022. A possibilidade da candidatura de Tasso foi posta pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo. Neste momento, são pré-candidatos do partido os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

    “Meu nome foi colocado pelo presidente do partido. Não era meu projeto de vida, não pensava nisso. No entanto, estou dentro disso, participando disso, no sentido de poder tentar articular uma união não só dentro do partido, mas também fora do partido”, disse Tasso Jereissati.