PT quer reviver 2002 e reestruturar aliança com Centrão
Em discurso, o ex-presidente Lula relembrou aliança com empresário José Alencar na primeira vitória e falou em diálogo com mercado e conservadores
O Partido dos Trabalhadores avalia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sua fala de mais de três horas lançou as bases do seu discurso e da estratégia da candidatura a presidente em 2022.
Para petistas, Lula deixou claro que a ideia é romper a bolha da esquerda, algo semelhante ao que foi feito na eleição vitoriosa de 2002.
Ele disse por exemplo que não se pode falar em frente ampla apenas com a esquerda, citou o seu vice-presidente, o empresário José Alencar, símbolo do que considerou a aliança entre “capital e trabalho”, que é necessário “dialogar com setores conservadores” e pediu que não tivessem medo dele.
Nesse sentido, para além de empresários, um dos principais pontos do discurso que o partido pretende por em prática daqui em diante é abrir diálogo com políticos do Centrão, especialmente os que já integram a base aliada de Bolsonaro e que já foram base dos governos Lula e Dilma Rousseff.
Petistas relatam que o ex-presidente recebeu ligações de integrantes de diversos partidos deste campo político e os tuítes do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foram saudados como sinais de que há espaço para avançar neste campo político.
Embora a cúpula do partido diga que ainda digere as últimas 48 horas, a leitura é a de que o projeto que estava em curso — lançar Fernando Haddad candidato em 2022 — será revisto com a reviravolta dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio Lula deverá assumir as articulações diretas para o ano que vem.
O discurso, dizem, também ficou claro na sua fala desta tarde: a gestão da pandemia no país e seu impacto na economia brasileira. Petistas dizem que Lula “virou a chave” dos processos que o condenaram para fazer uma fala mais voltada para a frente do que para trás. A comparação foi com o discurso que ele fez quando deixou a prisão no dia 8 de novembro de 2019. Na ocasião, centrou sua fala nas críticas à Lava Jato. Hoje, o foco foi o presidente Jair Bolsonaro.