Ernesto Araújo já sabia de demissão durante reunião do 5G, diz Kátia Abreu
Segundo a senadora, ao publicar em uma rede social diversos ataques direcionados a ela, o ex-chanceler dava satisfação aos seus seguidores
A senadora Kátia Abreu (PP-TO) disse, em entrevista exclusiva ao CNN Primetime, que o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo já sabia que seria demitido durante a reunião que abordou o tema do 5G.
Ainda de acordo com Abreu, no dia da reunião, o edital da agência reguladora já havia sido entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, já havia feito um acordo para separar a rede privada do poder público e a outra rede dos demais usuários.
“A obrigação dele era ter me denunciado na hora, se é que ele achava que eu tivesse feito algo imoral ou inadequado. Ele cometeu crime de omissão e prevaricação. Depois, ele teve nova oportunidade quando foi ao plenário do Senado Federal. Era hora dele contar o que eu tinha feito e eu me defender”, afirmou.
Kátia Abreu disse também que o ex-chanceler tentou convencer o presidente da República a fazer um decreto extra para impor condições no edital para que quem comprasse os produtos, não pudesse comprar da China.
Para a senadora, Ernesto Araújo é um dos responsáveis pela falta de vacinas no país, já que, de acordo com ela, o ex-ministro aconselhou o presidente Jair Bolsonaro a não aderir à aliança internacional da Organização Mundial da Saúde, Covax Facility. O Brasil só aderiu ao consórcio no início deste mês.
“Ele [Ernesto Araújo] precisa responder por isso. Nós fomos o último país a entrar nesse consórcio e, portanto, também, o último país a receber as vacinas. Eu tenho a convicção que erros enormes foram cometidos”, afirmou.
Durante a entrevista, Abreu ressaltou a importância do cargo de ministro das Relações Exteriores. Segundo a senadora, os ministros são grandes conselheiros do presidente e que a palavra de um chanceler tem quase o mesmo peso de uma fala presidencial.
“Um chanceler é quase que um presidente da República lá fora. Porque quando um chanceler fala e vai às reuniões, é como se o presidente da República estivesse falando. Então, essa pessoa tem uma responsabilidade, talvez, muito maior do que outros ministros”, disse.