CPI da Pandemia chega à sexta semana e ouve Queiroga novamente nesta terça (8)
Ministro da Saúde deve ser indagado sobre a realização da Copa América no Brasil e sobre a desistência na nomeação da infectologista Luana Araújo
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia inicia nesta terça-feira (8) a sexta semana de trabalhos ouvindo novamente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A reconvocação do chefe da pasta ocorre após a decisão do Brasil de sediar a Copa América.
O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), foi um dos entusiastas do novo depoimento do atual ministro da Saúde. Ao criticar Queiroga, Calheiros o chamou de “ministro do silêncio” e disse que ele precisaria retornar para explicar porque se omitiu sobre realizar a Copa América no Brasil.
“Esse episódio da Copa América, em que ele se calou como Ministro da Saúde e preferiu ser ministro do silêncio, demonstrou, de uma outra forma, que a autonomia realmente não existe”, disse Renan.
O chefe da pasta pretende dizer aos senadores que a realização da Copa América no Brasil foi uma escolha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas que caberá ao ministério a adoção de todos os protocolos sanitários para que o evento esportivo seja realizado com segurança. A informação é do analista da CNN, Kenzô Machida.
O primeiro depoimento de Marcelo Queiroga incomodou os senadores da comissão, por ele não ter respondido o que pensa sobre a conduta pessoal de Bolsonaro durante a pandemia.
Além disso, os parlamentares devem questionar também o motivo da médica Luana Araújo ter sido dispensada da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, antes mesmo de ser nomeada. À CPI, a médica afirmou que não recebeu justificativa pela desistência de sua contratação.
Vinte dias após o primeiro depoimento prestado à comissão, Queiroga disse — em audiência na Câmara dos Deputados — que a infectologista era uma “pessoa qualificada”, e que tinha as condições técnicas para exercer “qualquer função pública”, mas que não foi nomeada porque, além de “validação da técnica”, era necessário “validação política”. Por conta dessa declaração, parlamentares querem questionar se o ministro da Saúde realmente tem autonomia à frente da pasta.
Quebra de sigilo telefônico e telemático
Além do depoimento de Marcelo Queiroga, a CPI da Pandemia deve votar a transferência de sigilo telefônico e telemático de três personagens: do empresário Carlos Wizard, do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten, além de empresas ligadas a ele.
Os três requerimentos foram apresentados pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Próximos depoimentos
Na quarta-feira (9), a CPI ouve o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, que integrou a equipe do ex-ministro Eduardo Pazuello. Os senadores querem que ele esclareça sobre a possível existência de um gabinete paralelo de aconselhamento ao governo federal no enfrentamento à pandemia.
Além disso, Elcio foi responsável por negociações na compra de vacinas e em um dos documentos obtidos pela CPI, ele relata que o atraso na resposta à Pfizer foi motivado pela presença de um “vírus” nos computadores da pasta.
Na quinta-feira (10), os senadores adiantaram o depoimento do governador Wilson Lima (PSC-AM) após a Operação Sangria, da Polícia Federal, ter sido deflagrada no estado para investigar desvios na Saúde. Lima foi um dos alvos da operação.
O governador é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrar um esquema de desvios de verbas na compra de respiradores para o combate à Covid-19.
Para encerrar a semana, na sexta-feira (11), a CPI da Pandemia convidou o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Claudio Maierovitch e a pesquisadora Natalia Pasternak, da USP (Universidade de São Paulo).
(Com informações da Agência Senado)