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    Depoimentos mostram proximidade de Ramagem e Bolsonaro, dizem advogados de Moro

    Advogados disseram que depoimentos de Ricardo Saadi e do próprio Alexandre Ramagem confirmam "veracidade" de declarações do ex-ministro

    Os depoimentos do delegado Ricardo Saadi e do diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, confirmaram a proximidade de Ramagem com o presidente Jair Bolsonaro e a veracidade das declarações de Sergio Moro, disseram dois advogados do ex-ministro na noite desta segunda-feira (11) em Brasília.  

    “Não vamos adentrar aspectos do depoimento em si, mas se confirmou realmente que o doutor Alexandre Ramagem era a indicação de confiança do presidente da República”, disse o advogado Vitor Augusto Sprada Rossetim.

    Segundo ele, os depoimentos foram “positivos” para seu cliente, porque “reforçam a veracidade das informações trazidas pelo ex-ministro Sergio Moro.”

    “Nós entendemos que houve sim um reforço às declarações, principalmente em relação à proximidade do doutor Alexandre Ramagem”, disse Rossetim.

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    Saadi e Ramagem prestaram depoimento hoje na capital federal dentro da investigação sobre as circunstâncias da mudança na direção-geral da PF. No fim de abril, Bolsonaro demitiu Maurício Valeixo do cargo e o substituiu por Ramagem.

    A demissão de Valeixo levou Moro a sair do governo e acusar o presidente de reiteradas tentativas de interferir na corporação — o que Bolsonaro nega. 

    Em depoimento à PF, Moro disse que Bolsonaro pediu que fossem nomeados nomes de sua preferência para o comando da corporação no Rio e para a direção-geral da corporação, “sem causa”. O ex-ministro também disse que Bolsonaro queria nomear Ramagem para o comando da PF desde janeiro, alegando que era “uma questão de confiança”.

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes barrou a escolha de Ramagem por causa do inquérito sobre as mudanças na PF. Com isso, Bolsonaro nomeou Rolando Alexandre, ex-braço-direito de Ramagem na Abin, para a direção da corporação.

    PF no Rio

    Ainda de acordo com o advogado Vitor Augusto Sprada Rossetim, o depoimento de Saadi deixou claro “que não houve nenhum problema de produtividade na superintendência do Rio de Janeiro”.

    Quando Saadi foi tirado do comando da PF no RIo, em agosto ano passado, Bolsonaro alegou que a mudança se devia a “questões de produtividade”.

    Na época, a própria Polícia Federal divulgou nota oficial dizendo que a saída de Saadi não tinha relação com seu desempenho.

    Segundo o advogado Carlos Eduardo Treglia, que também defende Moro, Saadi “contrapôs a posição do presidente da República quando ele afirmou que a troca era por baixa produtividade. Ele demonstrou em números que isso não ocorreu”

    Na gestão de Saadi, a superintendência do Rio teria pulado da 24ª para a 4ª posição em investigações sobre crime organizado, disse Treglia.

    O advogado disse que Saadi não falou sobre uma eventual interferência de Bolsonaro na superintendência do Rio. “Ele simplesmente rechaçou, contrapôs a ideia de que a sua exoneração ocorreu em razão de baixa produtividade”, relatou.

    Saadi também não falou, segundo o advogado, sobre eventuais investigações envolvendo filhos do presidente ou se Bolsonaro fez comentários nesse sentido, e teria dito também que o caso Marielle Franco “não era da época dele”. 

    Valeixo

    Mais cedo hoje, Valeixo também prestou depoimento para a investigação sobre a suposta interferência de Bolsonaro na PF e a troca de comando na corporação.

    Valeixo disse ter ouvido de Moro que Bolsonaro pediu ao ministro que mudasse o titular da superintendência da PF do Rio.

    O delegado também disse que Bolsonaro queria um diretor da PF com quem tivesse mais “afinidade”. Valeixo declarou ainda que foi demitido por telefone e que não queria permanecer no cargo.

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