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    ‘Tempestade em copo d’água’, diz presidente do Clube Militar sobre manifestações

    "O que nos preocupa é a falta de consenso nas decisões que estão sendo tomadas neste momento de pandemia", avaliou o general da reserva do Exército

    Leandro Resende

     
    clube militar
    Instalações internas do Clube Militar no Rio de Janeiro, na unidade do bairro da Lagoa
    Foto: Divulgação/Clube Militar

    O presidente do Clube Militar, general da reserva do Exército Eduardo Barbosa, afirmou à CNN que “o Brasil não está com clima” para uma ruptura institucional, com fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.

    Atos com esta pauta ocorreram neste domingo (19) pelo país — em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro discursou para um grupo de manifestantes que pedia um novo AI-5, em referência ao ato institucional que aumentou os poderes da ditadura brasileira em 1968. 

    “O Brasil não está com clima para isso e não há motivo para preocupação. O pessoal está fazendo tempestade em copo d’água. A manifestação popular é uma coisa que tem sido espontânea. Mesmo que o presidente tenha ido lá discursar, não quer dizer que esteja havendo um movimento por quebra institucional. O que nos preocupa é a falta de consenso nas decisões que estão sendo tomadas neste momento de pandemia”, avaliou Barbosa.

    O Clube Militar é uma instituição do século 19 que reúne diversos membros das Forças Armadas. Bolsonaro e o vice-presidente José Hamilton Mourão são dois dos associados — Mourão, inclusive, deixou a presidência do Clube para assumir o cargo de vice-presidente do país. 

    O general Barbosa disse à CNN que não acompanhou atentamente os protestos de ontem, mas que recebeu, via WhatsApp, mensagens com a convocatória para os atos. Segundo ele, pedidos de intervenção militar são “muito antigos”.

    “Escuto isso desde que estava na ativa, de vez em quando me perguntavam quando os miitares iam assumir. Mas é uma coisa que entra pelo ouvido do militar e sai pelo outro. O comandante do Exército e o ministro da Defesa não levam política para dentro do quartel”, afirmou o militar. 

    O general também fez um paralelo entre o atual momento brasileiro e o contexto de 1964, quando se iniciou o regime militar que perdurou por 21 anos no Brasil. Segundo ele, o que se tem agora é uma falta de “setores mais exaltados que falam em intervenção militar”.

    “Mas isso não quer dizer que nem o presidente nem as Forças Armadas apoiem isso. O presidente não fez nenhum comentário no sentido de atacar a democracia, até onde eu sei. Em 1964 nós temos registro de que era a população em peso que pedia as Forças Armadas, tudo naquela época era bem diferente”, comparou. 

    Barbosa endossou críticas feitas pelos manifestantes à atuação do Congresso e do STF — segundo ele, os poderes operam um “grande boicote” contra o governo Bolsonaro. “Parece que temos 14 presidentes. O Bolsonaro, os presidentes de Câmara e Senado e os onze ministros do STF”, ironizou. Ele também minimizou a possibilidade de um “autogolpe” de Bolsonaro. “Para isso, tem que controlar o Judiciário, o Congresso e a oposição. E isso não é o que acontece aqui no Brasil hoje.” 

    Ao avaliar a ação do governo federal no combate ao novo coronavírus, Barbosa declarou que não há uma receita certa ou errada 100% eficaz para lidar com o avanço do COVID-19. “O nosso sistema de saúde já é saturado, já não tem vaga para ninguém. Agora a gente vê que há uma reestruturação, com mais vagas sendo criadas. É difícil saber quem está certo e quem está errado nesse cenário”, resumiu.

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