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    IPCA-15 não muda perspectiva para juros em 2023, dizem economistas

    Fontes ouvidas pela CNN ressaltam, contudo, que possibilidade de cortes mais duros na taxa Selic fica mais distante

    Iasmin Paivada CNN , São Paulo

    O IPCA-15 de agosto, considerado a prévia da inflação do mês, veio acima do esperado, mas o resultado não muda as perspectivas para a condução da política monetária, segundo afirmaram especialistas à CNN.

    Nesta sexta-feira (25), o IBGE divulgou que a prévia da inflação de agosto subiu 0,28% na comparação mensal e 4,28% na comparação anual. Ambos acima do esperado pelo mercado, de aumento de 0,17% no mês e 4,13% no ano.

    Para Alexandre Maluf, economista da XP, apesar do resultado mais alto, o dado é consistente com o cenário de política monetária, que considera cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) até o final de 2023.

    “Efetivamente, não foi um número suficientemente bom ou ruim para ultrapassar a ‘barra alta’ estabelecida pelo Banco Central para alterar o ritmo de 0,50″, avalia.

    Por outro lado, Marco A. Caruso e Igor Cadilhac, analistas do PicPay, avaliam que o resultado surpreendeu negativamente. “Daqui para frente o acumulado da inflação em 12 meses deve seguir sua trajetória expansionista”.

    Eles ressaltam que grande parte das surpresas se concentrou em itens de alta volatilidade e a composição segue saudável. E reforçam que o cenário não contribui para o Copom acelerar o ritmo de corte de juros para 0,75 ponto percentual, na perspectiva dos especialistas.

    Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, concorda que um dado no IPCA-15 pior que o esperado está provocando ajustes na curva de juros.

    “Quem apostava em algum corte de 0,75 p.p. até o fim do ano, pode estar reajustando sua posição, seja reduzindo as apostas, ou até mesmo encerrando posição”, avalia Fernandes.

    Já Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, avalia que o resultado de hoje pode ser considerado positivo se analisado sob a perspectiva da busca pela retomada da estabilidade de preços, que é o objetivo atual do BC.

    Para a especialista, essa percepção “fica clara” quando o resultado é avaliado a partir dos grupos que compõem o indicador.

    O maior peso no dado foi do grupo Habitação (1,08%), que contribuiu com um aumento de 0,16 p.p. no resultado do mês, com um maior impacto da alta da energia elétrica residencial (4,59% e 0,18 p.p.), influenciado pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu.

    Enquanto isso, outros itens que tiveram impacto relevante foram emplacamento e licença (+1,63% no mês) e gasolina (+0,90% no mês). “Os preços administrados representam aproximadamente 25% do indicador, mas foram responsáveis por mais de 90% da inflação verificada no período”, explica.

    Enquanto isso, “os preços livres apresentaram inflação de apenas 0,03% no mês, sendo este o destaque no campo da política monetária, uma vez que é este conjunto de bens e serviços que sofre efeito dos juros”, pontua Argenta.

    A especialista ainda destaca o grupo de Transportes, que mostrou arrefecimento inflacionário, saindo de 0,63% de alta mensal em julho para crescimento mensal de 0,23% em agosto.

    O último reajuste dos combustíveis automotivos não compõe a base de cálculo do indicador divulgado hoje, destaca a especialista, e a inflação mais amena se deve ao arrefecimento inflacionário dos combustíveis automotivos e à deflação de passagens aéreas em virtude do final das férias de julho.

    João Savignon, head de Pesquisa Macroeconômica da Kínitro Capital, ressalta que houve uma importante desaceleração no setor de serviços, apesar do número maior que o esperado para a média dos núcleos no mês.

    “Nas medidas subjacentes e nos núcleos, medidas mais relevantes para o Banco Central, tivemos números relativamente próximos do esperado, com exceção de Bens industriais”, pontuou Savignon.

    O grupo de Serviços sentiu uma desaceleração na inflação de 0,36% na comparação mensal de julho para 0,13% em agosto. Já a média dos núcleos ficou em 0,34%, acima dos 0,25% projetados e dos 0,09% de julho.

    Para Savignon, os dados são muito importantes para a percepção quanto à dinâmica qualitativa do índice, que seguiu relativamente positiva no mês, a despeito da surpresa com o índice cheio.

    Veja também: IPCA-15 sobe 0,28% em agosto, diz IBGE

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