Doente e rejeitado pelos pais, bebê gorila é salvo e ganha mãe adotiva
Primata teve problemas de saúde logo que nasceu e, depois, se apegou ao cuidador; caso aconteceu em zoológico na Austrália
Os cuidados com um bebê gorila são muito semelhantes aos cuidados com os recém-nascidos humanos, segundo Chad Staples, pai de quatro filhos e diretor do Mogo Wildlife Park, um pequeno jardim zoológico privado na cidade com o mesmo nome, na costa sudeste da Austrália.
“As semelhanças são incríveis. Mesmo apenas olhando para os olhos dele, parece que você olha para um recém-nascido humano e eles percebem o universo inteiro a cada piscar”, disse Staples à CNN sobre Kaius, o bebê gorila de olhos chamativos que ele criou desde o nascimento.
Nos primeiros meses, Kaius dormia no quarto de Staples, e o tratador do zoológico o alimentava regularmente com leite. Ele também trocava suas fraldas – uma tarefa difícil de realizar em um primata que é muito mais forte que um bebê humano e capaz de segurá-lo com as mãos e os pés.
“Com um bebê, as coisas são mais fáceis, mas com um gorila, pode ter certeza que vai ser mais difícil”, disse. “Eu apenas ria e pensava: ‘Oh meu Deus.’”
À medida que crescia, Kaius agarrava-se às costas do tratador enquanto eles andavam pelo zoológico.
Então, na sexta-feira, Staples assistiu com admiração – mas principalmente com alívio – enquanto Kaius, de 10 meses, compartilhava um café da manhã de batata doce e tomate com G-Anne, uma gorila fêmea de 42 anos, de quem não é parente, que por enquanto parece feliz em assumir deveres parentais na casa dos gorilas do zoológico.
“Fico muito feliz em ver os dois juntos agora”, disse Staples. “Foi uma jornada e tanto.”
Um novo bebê
Kaius nasceu em um parque selvagem em outubro do ano passado. É filho de pais de primeira viagem: a mãe Kipensi, de 10 anos, e o pai Kisane, de 17 anos, que pesa cerca de 220 kg.
Os gorilas nascem com quase o mesmo peso dos bebês humanos, como foi no caso de Kaius, que nasceu com 2,2 kg (4,85 libras). Ou seja, ele era muito pequeno na comparação com o seu pai, o mesmo que o tirou de sua mãe.
“Foi assustador porque você simplesmente se perguntava se ele faria algo estúpido”, disse Staples. “Na verdade, ele estava segurando o bebê com bastante delicadeza. Mas, você sabe, Kaius pesava pouco mais de 2 kg… então é uma enorme diferença de tamanho.”
Durante 14 horas, a equipe do zoológico tentou persuadir Kisane a devolver o bebê – oferecendo comida e movendo as fêmeas Kipensi e sua mãe, Kriba, para diferentes áreas do recinto dos gorilas.
“Nunca saberemos o porquê ele fez isso, mas penso que ele provavelmente tentou entender o que havia de errado com a mãe”, disse Staples.
Eventualmente, Kisane colocou o bebê no chão e a equipe do zoológico correu para agarrá-lo. A essa altura, o bebê estava com fome, então eles o alimentaram com mamadeira e tentaram devolvê-lo à mãe e à avó no dia seguinte.
“Elas basicamente foram direto até ele, olharam para ele e depois foram embora”, disse Staples. “E então eles passaram por cima dele para conseguir comida e ficaram meio interessados, mas não como esperávamos.”
A equipe do zoológico pretendia alimentá-lo e tentar novamente uma aproximação entre o recém-nascido e sua família, mas quando Staples o pegou, ele observou que algo estava errado com o pequeno gorila.
“Ele havia perdido a cor, parecia muito opaco nos olhos, então nós o levamos às pressas para o bloco veterinário.”
A batalha pela vida
Kaius, então com apenas um dia de vida, foi diagnosticado com pneumonia.
“Ele caiu meia dúzia de vezes, e tivemos que aplicar injeções de adrenalina e todas essas coisas para fazer seu corpinho funcionar novamente”, disse Staples.
“Os veterinários estavam falando sobre eutanásia. Os médicos estavam falando sobre provavelmente ele não sobreviver durante a noite.”
Então Staples ficou acordado a noite toda com o gorila dormindo em seu peito.
“Isso foi o que lhe deu mais conforto e realmente manteve sua frequência cardíaca e respiração sob controle: o contato pele a pele e a sensação dos meus batimentos cardíacos como seria no caso de sua mãe.”
Então Kaius começou a melhorar e a crescer. As fraldas foram abandonadas quando eles começaram a sair mais, depois veio o processo de apresentação de outros funcionários do zoológico, para que Kaius não se apegasse muito ao seu cuidador principal.
Kaius mudou-se da casa de Staples – que fica dentro do zoológico – para o recinto dos gorilas, em um cercado vizinho a G-Anne, sua nova mãe adotiva.
O objetivo era fazer com que os dois interagissem o suficiente para que eventualmente compartilhassem um recinto. Mas reassentar um bebê gorila apresenta um risco tremendo.
Seu maior medo? “O gorila simplesmente o mataria. Porque isso aconteceu com gorilas e chimpanzés em todo o mundo”, disse Staples.
Dois dias depois, esses medos diminuíram quando G-Anne assumiu seu novo papel.
“Ela é uma garota linda e sempre deu sinais de que queria isso tanto quanto nós”, disse ele. “Não estou mais preocupado com isso”.
Por enquanto, a dupla vai passar algum tempo juntos antes de Kaius estar pronto para fazer sua estreia pública no zoológico, que também abriga uma girafa, uma zebra, leões, tigres e lêmures.
Staples diz que Kaius parece reconhecê-lo e espera que a conexão dure.
“Quando estou perto, ele realmente empurra seu rosto no meu e respira fundo, segura com força, tenta beijar, todo esse tipo de coisa linda”, disse Staples.
“Espero que haja um vínculo para a vida dele. Seria muito especial.”