MPF diz que Witzel recebeu R$ 500 mil de escritório de advocacia
Receita Federal diz que governador pode ter recebido R$ 500 mil da Medina Osório Advogados
Em apenas dois meses e quatro dias, após ingressar na sociedade Medina Osório Advogados, Wilson Witzel recebeu R$ 500 mil do escritório a título de lucros e dividendos. O governador ingressou no quadro societário no dia 1º de outubro de 2018, semana anterior às eleições de primeiro turno – ocorridas em 7 de outubro deste mesmo ano. O governador afastado permaneceu na sociedade até o dia 5 de dezembro de 2018, tendo recebido meio milhão de reais.
O valor foi apontado em relatório feito pela Receita Federal, após o Ministério Público Federal (MPF) ter decretado quebra de sigilo fiscal do governador. As informações constam na denúncia do MPF e da Procuradoria-Geral da República, encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça.
Um dos sócios da sociedade Medina Osório Advogados é o advogado geral da União do governo Michel Temer, Fábio Medina Osório.
“Chama a atenção os valores recebidos a título de lucros e dividendos recebidos da empresa em tão curto período. Ainda mais que o mês de outubro, muito provavelmente, foi o mês mais intenso de campanha eleitoral, haja vista o primeiro turno ter se dado no dia 07/10/2018 e o segundo turno no dia 28/10/2018”, aponta em relatório a Receita Federal.
Em nota, a Medina Osório Advogados afirma que “os R$ 500 mil que o escritório pagou para o ex sócio Wilson Witzel foram decorrência de rescisão contratual e que foi pouco antes de sua posse. Informa ainda que não houve nenhum recurso oriundo desses honorários injetado na campanha de Witzel”.
O Ministério Público Federal (MPF) também apontou a atipicidade dos rendimentos em tão curto período de tempo, especialmente às vésperas das eleições.
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“De fato, o período mencionado é extremamente extenuante para qualquer candidato, principalmente numa campanha para Governador de Estado, sendo pouco provável que Wilson Witzel tenha, de fato, desempenhado qualquer atividade laboral relacionada ao escritório”. Na denúncia, o MPF diz ainda que este é mais um elemento que corrobora com a tese de lavagem de ativos.
Segundo registros do órgão fazendário, que constam na investigação do Ministério Público Federal, Witzel recebeu rendimentos da Justiça Federal até março de 2018. A partir de abril, começou a receber fundos do Diretório Nacional de Partido Social Cristão (PSC) até dezembro de 2018. Os rendimentos recebidos foram no valor de R$ 180.993,01.
Ainda neste mesmo ano de 2018, Witzel recebeu R$ 412.308,37 do escritório Tristão do Carmo e Jenier Advogados Associados, cujo um dos sócios é o ex-Secretário de Estado Lucas Tristão, alvo de um dos mandados de prisão na Operação Tris in Idem, deflagrada hoje.
Wilson Witzel foi afastado, nesta sexta-feira, do cargo de governador do Rio de Janeiro, em decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), diante das denúncias e investigações sobre irregularidades na área de saúde.
*sob supervisão de Leandro Resende