Milei e Bullrich, 1º e 2º colocados na eleição da Argentina, se declaram contra entrada do país no Brics
Candidatos de direita à Presidência lideraram as primárias, à frente do governista, de esquerda, Sergio Massa
Os dois candidatos de direita, que lideraram a votação nas primárias eleitorais da Argentina, Javier Milei (com 30,04% dos votos) e Patricia Bullrich (com 28,27%), se declararam contra a entrada do país no Brics, como anunciado pela cúpula do grupo nesta quinta-feira (24).
Milei, candidato de extrema-direita, fez sua declaração durante o Conselho das Américas, em plenária sobre as perspectivas econômicas e políticas da Argentina, nesta quinta. “Não vamos nos alinhar com comunistas”, disse.
Defensor da iniciativa privada e do livre mercado, Milei ainda defendeu que o alinhamento da Argentina deve ser aos Estados Unidos e a Israel.
“Isso não quer dizer que o setor privado não possa negociar com quem quiser. O comércio deveria ser livre. E o privado deve comercializar com quem quiser. Eu não disse que devemos deixar de comercializar com o Brasil e com a China. O que estou dizendo é que é uma questão do setor privado na qual eu não tenho que me meter”, completou o deputado e candidato pelo La Libertad Avanza.
Já Bullrich, do partido Juntos por el Cambio, usou as redes sociais para criticar a aceitação da Argentina no bloco.
“De forma alguma vamos endossar que a Argentina se associe a autoritarismo populistas: nós vamos tirar o país desta aliança com Irã, responsável pelos 85 assassinatos no atentado à Amia [Associação Mutual Israelita Argentina], e Rússia, a invasora da Ucrânia. Em um governo nosso, a Argentina não fará parte do Brics”, afirmou.
A candidata também se posicionou contra o discurso que defende uma geopolítica multipolar, considerando e endossando o poderio da China: “Nós acreditamos em uma ordem internacional baseada em regras claras para preservar a paz e o respeito ao direito internacional”.
Veja também: Os planos de Javier Milei para a economia argentina (análise)
Esquerda defende adesão
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, celebrou a entrada do país no grupo e disse que ela ocorre em um momento de “marcadas tensões geopolíticas”.
“Entramos na aliança dos Brics. É um novo passo para a consolidação de um país fraterno e aberto ao mundo que sempre sonhamos em ser. Estamos diante de uma grande oportunidade para fortalecermos a Argentina”, escreveu nas redes sociais.
Fernández classificou os países do Brics como os mais importantes de economia emergente do mundo. “Vamos ser protagonistas de um destino comum em um bloco que representa mais de 40% da população mundial e, ao mesmo tempo, que seguimos fortalecendo nossas relações frutíferas, autônomas e diversas com outros países”.
Ele também disse que o grupo potencia a agenda dos países do chamado sul global.
Eleição presidencial
A eleição presidencial da Argentina ocorrerá em 22 de outubro e terá sob pano de fundo a questão econômica do país, que está com uma inflação de três dígitos.
O candidato de esquerda, apoiado pelo governo, Sergio Massa, é o atual ministro da Economia e ficou em terceiro lugar nas primárias, com 27,27% dos votos.