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    Devido à recessão, Brasil terá equilíbrio fiscal apenas em 2023, afirma Mourão

    Segundo o vice-presidente, é papel do Estado colocar recursos na economia com o objetivo de retomar o crescimento

    Paula Mariane, da CNN em São Paulo

    Segundo uma análise do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, é possível que o Brasil atinja um equilíbrio fiscal somente em 2023 devido à recessão econômica que ocorrerá como consequência da pandemia do novo coronavírus.

    “É óbvio que, com o recuo [na economia no ano] de 2020, a gente só atinja um equilíbrio [fiscal] no ano de 2023 ou 2024″, afirmou Mourão em uma live organizada pelo Itaú BBA. Neste contexto, o vice-presidente se referiu também à reforma da previdência. “Esse norte não está perdido”, afirmou.

    Para ele, a intervenção estatal na economia é “mais do que necessária” durante a pandemia. “Isso nós vimos em todos os países do mundo, independente da orientação ideológica de cada governo”.

    “Em um momento em que a empresas, indústrias e a própria pessoa física passam a não ter condições de gerarem emprego, vai competir ao Estado colocar recurso na economia”. 

    Mais investimentos em infraestrutura

    Segundo Mourão, é necessário aumentar investimentos na área de infraestrutura.“A questão da infraestrutura é um dos nossos calcanhares de Aquiles, pelo própria dimensão continental do país. Não é uma articulação simples”, declarou. 

    “O baixo investimento que temos tido em infraestrutura ao longo dos últimos 40 anos é uma das causas da nossa produtividade ter diminuído. Durante algum tempo, os investimentos estiveram a cargo do setor público, só que o setor público se exauriu e chegou ao seu limite. Temos que atrair, seja por concessões, seja por privatizações, o setor privado”, analisou. 

    “[Este é] o setor que mais emprega. Daí, as pessoas que estiverem nessa atividade terão sua renda”. 

    Mourão afirmou que o Brasil passará por uma recuperação não-linear. Além disso, ele declarou que esse é um momento das pessoas se aperfeiçoarem para acompanhar as tecnologias emergentes.

    “Tem setores que estão muito mais preparados. Por outro lado, eu também vejo que esse é um momento ideal para que ocorra, no Brasil, a ‘destruição criativa’, aquele pessoal que estava um pouco atrasado e [agora pode] acompanhar o avanço da tecnologia na produção. [Espero que essas pessoas] entrem neste momento e mudem a nossa forma de encarar o sistema produtivo aqui no Brasil”. 

    O vice-presidente ressaltou a importância de dialogar com o Congresso sobre as medidas econômicas que precisam ser tomadas para enfrentar a crise. “A nossa grande âncora fiscal, que é a PEC de gastos, está seriamente ameaçada pelo avanço contínuo e inexorável dos gastos obrigatórios. Nós não podemos furar o teto. Temos que voltar a discutir dentro do Congresso esse assunto”.

    “Não é simples conseguir passar determinadas reformas que são extremamente abrangentes, mas temos que fazer todo o esforço possível para que elas avancem”, disse.

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