É normal trocar comandantes ao mudar o ministro, diz presidente do Clube Militar
General Eduardo Barbosa ressaltou o respeito à hierarquia no Exército, e disse que isso foi um fator determinante para a mudança
A saída dos três comandantes das Forças Armadas brasileiras provocou uma série de reações em Brasília, com dúvidas sobre a razão dos atos. Para o general Eduardo Barbosa, presidente do Clube Militar – instituição com influência no pensamento militar brasileiro -, os atos são comuns com a troca de ministro da Defesa e as Forças, segundo ele, instituições de estado. A informação é do analista da CNN Leandro Resende.
“Não há espaço nas Forças Armadas para apoio público a ninguém. São instituições de Estado. Quando o presidente fala em ‘meu Exército’ está falando de uma forma retórica. É como eu falo, tenho mais de 40 anos de caserna,” disse Barbosa.
O Ministério da Defesa informou hoje que os três comandantes das Forças Armadas serão substituídos: Edson Pujol, do Exército, Ilques Barbosa Junior, da Marinha, e Antonio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica. A decisão foi anunciada em nota após uma reunião nesta manhã com o novo ministro da pasta, Walter Braga Netto, e o ex-ocupante do cargo, Fernando Azevedo e Silva.
O analista da CNN Igor Gadelha apurou com generais e auxiliares do governo que as substituições ocorreram a pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Os comandantes estavam receosos que houvesse uma demanda por um alinhamento político das tropas com Bolsonaro, o que é rejeitado por todas elas. Na carta em que anuncia a demissão, Fernando Azevedo disse que, durante o período que comandou a pasta, preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado”.
“Trabalhei no Ministério da Defesa. Quando se troca o ministério, é perfeitamente normal que se dê ao novo ministro a possibilidade de escolher os comandantes das Forças”, disse Barbosa.
O presidente do Clube Militar também ressaltou o respeito à hierarquia no Exército, e disse que isso foi um fator determinante para a mudança, uma vez que os comandantes das três Forças são mais velhos que o novo ministro da Defesa e ficariam abaixo dele na cadeia de comando.
(Publicado por Daniel Fernandes)