Crivella nega amizade com irmão de ex-presidente da Riotur; assista íntegra
Prefeito do Rio de Janeiro falou à CNN sobre acusações do Ministério Público do Rio de Janeiro contra ele
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), nega todas as acusações feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) referentes à investigação que mira um suposto esquema de corrupção na prefeitura.
Em entrevista à CNN neste domingo (13), Crivella disse que teve acesso ao processo, que corre em sigilo, e não foi constatada “acusação nenhuma”.
“Tudo papo furado. Eu tenho o processo que estava em supersigilo, mas os meus advogados tiveram acesso. Li todos os anexos, não tem acusação nenhuma”, afirmou.
A CNN teve acesso ao documento do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) assinado pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins.
Na quinta-feira (10), Crivella foi alvo de um dos 22 mandados de busca e apreensão cumpridos por agentes da Polícia Civil e do MPRJ. Ele teve o celular apreendido e classificou a ação como “um exagero”.
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A ação foi um desdobramento da Operação Hades, que aconteceu em março e mirou Marcelo Alves, antigo presidente da Empresa Municipal de Turismo do Rio (RioTur), e o irmão dele, o empresário Rafael Alves.
“O Rafael é do meu partido, eu o conheci no PRB (atual Republicanos), ele era candidato a prefeito em Angra dos Reis. Na época eu era senador e ele pediu que eu fosse lá dar apoio em Angra dos Reis. Ao meu ver, é uma pessoa honesta, honrada, conheço a filha dele, o pai e o irmão dele, que tem uma experiência enorme, fez uma gestão espetacular na RioTur”, explicou Crivella à CNN neste domingo.
“Não tenho relações pessoais com Rafael. Às vezes, eu o vi na igreja onde eu prego todo domingo, estou na igreja da Barra e já o vi algumas vezes. Não tenho negócios com ele, não sou sócio dele, não facilitei nenhum pagamento. Basta ver na transparência da prefeitura.”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, falou à CNN sobre acusações do Ministério Público (13.set.2020) | Foto: CNN Brasil
Rede Globo
Ainda na entrevista, Crivella acusou a Rede Globo de atuar como “partido de oposição” ao governo dele. “[Ela] diz que o promotor falou, que está escrito isso no processo… qual o nome do promotor? Não existe. Por isso pedi à juíza ontem para que quebre o sigilo e toda a imprensa possa saber das besteiras e bobagens que estão escritas ali.”
Procurada pela CNN, a Globo afirma que “o prefeito Marcelo Crivella criticou a reportagem da Globo sobre as denúncias do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil e afirmou que elas têm o objetivo de interferir no processo eleitoral. Em suas reportagens, a Globo foi absolutamente fiel ao que afirmaram os procuradores e aos documentos que embasaram a operação, sem nenhum outro objetivo senão o de informar o público”.
Ministério Público do Rio: legalidade e transparência
Em nota, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) confirma que “a medida cautelar de busca e apreensão foi assinada pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins, que coordena todas as investigações da atribuição originária do Procurador-Geral de Justiça, atuando sempre por delegação”.
O MP explica que o processo ainda está sob sigilo, o que impede o compartilhamento do procedimento.
“Esclarece o MP estadual que, na sexta-feira (11/09), encaminhou à desembargadora relatora do 1º Grupo de Câmaras Criminais do TJRJ, requerimento para levantamento do sigilo a fim de garantir ampla divulgação do feito. Essa petição foi juntada aos autos no final do dia 12/09 e aguarda decisão.”
O Ministério Público do Rio afirma também que as investigações e a decisão da desembargadora “encontram-se amparadas na mais absoluta legalidade e transparência, nos moldes exigidos pelo Estado de Direito. Qualquer tentativa de politização ou polarização do caso mostra-se despida de qualquer base fática”.
A CNN aguarda retorno do senador Romário (Podemos) e do empresário Rafael Alves, também citados na entrevista pelo prefeito Marcelo Crivella.
(Edição: Marcio Tumen Pinheiro)