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    Ex-soldado da FAB é condenado a 6 anos de prisão por assassinar colega no Ministério da Defesa

    Felipe de Carvalho Sales matou o militar Kauan Jesus da Cunha Duarte com um tiro na cabeça, dentro da sede do governo, em Brasília

    Isabelle Salemeda CNN , em São Paulo

    O ex-soldado da Força Aérea Brasileira (FAB) Felipe de Carvalho Sales, foi condenado a seis anos de prisão, em regime semiaberto, pelo homicídio do colega militar Kauan Jesus da Cunha Duarte.

    O jovem, que tinha 19 anos, foi morto em novembro do ano passado com um tiro na cabeça, nas dependências do Ministério da Defesa.

    A Justiça Militar entendeu que houve dolo eventual, ou seja, que o acusado assumiu o risco de matar o colega ao manusear a arma de fogo e atirar na direção da cabeça do outro soldado.

    O julgamento aconteceu nesta terça-feira (22), em Brasília, e ainda é possível recorrer da decisão.

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    A sentença não agradou à família da vítima. “Deixo aqui minha indignação, porque teve seis anos de prisão, prisão praticamente domiciliar, uma prisão que qualquer preso queria ter”, disse pai de Kauan, Wilson Vieira Duarte.

    Segundo o Superior Tribunal Militar (STM), no dia 19 de novembro de 2022, próximo ao término do serviço, a vítima estava sentada em um sofá, assistindo a um vídeo com outro soldado, quando o acusado entrou na sala de convivência do prédio Anexo do Ministério da Defesa com a pistola na cintura.

    Felipe, então, foi na direção da vítima, sacou a arma e disparou contra a cabeça do militar. Uma equipe do SAMU foi acionada para prestar socorro à vítima, mas Kauan já estava morto.

    “Meu filho foi para o trabalho, foi pro Comando da Aeronáutica onde ele estava trabalhando. Ele foi andando, saudável na sexta-feira, dia 18. No sábado aconteceu isso ai. Me entregaram ele numa maca de necrotério. Uma falta de responsabilidade com os familiares”, lembrou o pai de Kauan.

    Em depoimento, Felipe confirmou que disparou contra o colega, porém, disse que acreditava que a arma não estivesse carregada. Ele classificou a ação como uma “brincadeira idiota”, uma “irresponsabilidade”. O jovem, que também tinha 19 anos na época, foi expulso da Força Aérea.

    Durante a audiência desta terça, a defesa de Felipe enfatizou o fato de que os militares eram amigos. O advogado também lembrou que eles estavam num contexto de brincadeira, que o acusado acreditava que a arma estava descarregada e que, após o ocorrido, o autor do tiro ficou desesperado.

    No entanto, o Conselho Permanente de Justiça, formado pelo juiz federal da Justiça Militar da União Frederico Magno Veras e por mais quatro juízes militares (oficiais da Aeronáutica) decidiram, por unanimidade, condenar o acusado.

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    O advogado da família de Kauan informou que estuda recorrer da decisão.

    “Estamos falando de um jovem que perdeu a vida. Estudamos recorrer da decisão, pela pena aplicada. Não é justo que a pessoa mata, que a pessoa brinque com uma arma, que não dispara sozinha, perde-se uma vida de um jovem e o pai não tem direito a indenização, pensão, a nada”, afirmou o advogado da família Walisson dos Reis Pereira da Silva.

    Ele também afirmou que vai recorrer à Justiça para pedir que a Força Aérea e o Ministério da Defesa indenizem a família.

    “O meu filho foi morto em serviço, não foi morto na minha casa e nem indo para o trabalho. Ele foi morto em serviço”, disse o pai da vítima.

    “Ele teve a vida ceifada por um ato de pura irresponsabilidade da parte do contigente militar, do pessoal que não vistoriou o jovem brincando com arma de fogo em plena hora de serviço”, concluiu.

    A CNN procurou o Ministério da Defesa e a FAB, e aguarda posicionamento.

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