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    Doria planeja escritório na Alemanha e distância de Bolsonaro na pauta ambiental

    Será a terceira representação do estado no exterior, depois da China e dos Emirados Árabes; objetivo é atrair investimentos mostrando atenção ao meio ambiente

    Governador de São Paulo, João Doria, durante coletiva de imprensa sobre coronavírus
    Governador de São Paulo, João Doria, durante coletiva de imprensa sobre coronavírus Foto: Governo do Estado de São Paulo - 08.jun.2020

    Iuri Pittada CNN

    O governo de São Paulo escolheu a cidade alemã de Munique para abrir, em 2021, o terceiro escritório internacional do estado. A abertura está prevista para junho, dentro da estratégia da gestão João Doria (PSDB) de atrair investimentos estrangeiros, medida que se tornou ainda mais prioritária em função da retomada da economia pós-pandemia da Covid-19. 

    Dentro dessa estratégia, o governador também busca marcar um distanciamento em relação à postura do presidente Jair Bolsonaro na agenda ambiental – as políticas da gestão federal para o setor estão sob forte questionamento da comunidade internacional, inclusive com risco de retirada de recursos globais do país. 

    “Tratamos a questão ambiental de forma diferente, tendo a sustentabilidade como uma prioridade absoluta”, diz o secretário estadual de Relações Internacionais, Julio Serson, que também ocupou cargo semelhante na gestão de João Doria à frente da Prefeitura de São Paulo (janeiro de 2017 a março de 2018). “Nas dezenas de missões internacionais que fizemos desde 2017, a questão ambiental é a primeira pergunta que os estrangeiros nos fazem.” 

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    Foi o que ocorreu em agosto do ano passado, por exemplo, em Wolfsburg, cidade em que fica a matriz da montadora alemã Volkswagen. Num dos discursos da visita, um dirigente da associação industrial local demonstrou conhecer a fundo não só a economia do Estado de São Paulo mas os problemas das políticas ambientais em outras regiões do Brasil, em especial na Amazônia. 

    Para marcar essa diferença em relação ao governo federal, Doria conta com um de seus auxiliares de maior confiança à frente da pasta do setor. O secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, também trabalha com o governador desde a gestão municipal e cuida de áreas importantes para o mercado privado, como o saneamento. 

    Além disso, o secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, foi incumbido de preparar um plano para a retomada econômica no estado no biênio 2021-2022 e usar seu prestígio de ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central para atrair investimentos internacionais. 

    Representações pelo mundo 

    Desde o início do mandato como governador, Doria abriu dois escritórios de representação do estado em países estrangeiros. O primeiro foi inaugurado na China, em 2019, e o segundo em Dubai (nos Emirados Árabes), no início deste ano, pouco antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que o coronavírus provocou uma pandemia. 

    De acordo com Serson, as representações não oneram os cofres públicos, pois são financiadas por recursos desses dois governos e do setor privado interessado nas relações bilaterais. No caso do escritório de Munique, o provável modo de custeio das atividades virá de multinacionais alemãs que atuam no Brasil ou empresas nacionais com interesses na Europa. 

    “São estruturas de baixo custo, que funcionam como ponto de apoio dos brasileiros e dos paulistas que buscam oportunidades nesses países e como referência para as empresas locais que queiram investir aqui”, explica o secretário. 

    As missões internacionais garantiram ao estado investimentos internacionais de R$ 14 bilhões nos próximos dez anos, com geração de 15 mil empregos diretos no próximo biênio. Outro potencial retorno do escritório aberto na China, segundo integrantes da equipe de Doria, foi o acordo com o laboratório Sinovac e o Instituto Butantan para viabilizar a produção de uma futura vacina contra a Covid-19. 

    A vacina está sendo testada pela empresa chinesa e também passou a ser motivo de disputa política entre Doria e Bolsonaro – o governo federal trabalha, via Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para produzir a vacina em desenvolvimento pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford.