Congresso articula ‘contagem paralela’ de dados da Covid-19
A iniciativa tem o apoio do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, do MDB, e do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Em reunião na manhã desta segunda-feira (8), líderes do Senado avaliaram que caberá ao Congresso Nacional fazer uma “contagem paralela” dos dados sobre a pandemia da Covid-19. A medida será uma resposta ao impasse criado pelo Ministério da Saúde, que alterou o horário de divulgação das informações nos últimos dias, retirou o total acumulado de infectados e mortos e publicou dados discrepantes na noite de domingo (7).
A iniciativa tem o apoio do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, do MDB, e do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a intenção é reunir os números divulgados diariamente pelas secretarias de saúde dos estados e anunciar um compilado das informações, independentemente das decisões que serão tomadas pelo MS. A CNN apurou que o Tribunal de Contas da União (TCU) também deve participar e será o responsável por validar os dados.
Como parte desse esforço de transparência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que a comissão externa da Casa, que trata da pandemia, se debruce sobre as estatísticas. “É urgente que o Ministério da Saúde divulgue os números com seriedade, respeitando os brasileiros e em horário adequado. Não se brinca com mortes e doentes”, afirmou o deputado em sua conta no Twitter.
Ainda nesta semana, a comissão pretende convidar o general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, para prestar esclarecimentos a respeito dos problemas recentes na divulgação de todos os dados da doença no país. Segundo a relatora, deputada Carmen Zanotto (Cidadania), o colegiado também quer ouvir secretários estaduais e municipais que recebem na ponta as informações hospitalares para fazer uma espécie de “pente fino”.
Além disso, Maia deve colocar em votação, nos próximos dias, um projeto de lei que obriga o governo federal a divulgar não só os dados epidemiológicos da doença, incluindo número total de contaminados e mortos, mas também avançar em detalhes como o sexo e raça dos infectados, taxa de ocupação dos leitos em decorrência do vírus e testes realizados. Além de transparência, os parâmetros podem ajudar a embasar pesquisas e políticas públicas mais eficazes.
O texto principal seria o de autoria dos deputados Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PDT-SP), mas outros projetos com o mesmo teor seriam apensados, segundo líderes que acompanham as negociações. Essas lideranças avaliam ser importante votar uma medida como essa neste momento e que há consenso para aprovação da proposta, além do apoio de Maia.
“Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos”, disse o democrata em reação à publicação de dados discrepantes pelo MS.