Pesquisa indica que 40% da população pediu auxílio emergencial ao governo
Desses, 9% já receberam o auxílio, 11% foram aprovados, mas ainda não receberam, 19% ainda em análise e 1% teve o pedido negado, diz a Consultoria Quaest
Pesquisa obtida com exclusividade pela CNN aponta que 40% da população brasileira solicitou o auxílio emergencial de R$ 600 ao Governo Federal.
De acordo com o levantamento realizado pela Consultoria Quaest entre os dias 21 e 23 de abril, 9% já receberam o auxílio, 11% foram aprovados, mas ainda não receberam, 19% ainda estão com o pedido em análise e 1% teve a requisição negada.
A pesquisa ouviu 1.000 pessoas com idade igual ou acima de 16 anos nos 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais em um intervalo de confiança de 95%.
A análise mostra que a política está bem focalizada no público alvo prioritário, de baixa renda. Entre a população que tem renda familiar de até 2 salários mínimos, 68% pediu o auxílio, enquanto apenas 5% de quem tem renda acima de 5 salários requisitou os R$ 600.
Sobre os hábitos de consumo do brasileiro, o levantamento identificou que desde o início da crise do novo coronavírus 36% das pessoas estão gastando mais do que de costume, 34% estão gastando o mesmo que antes e 30% estão gastando menos.
No recorte por faixa salarial, os mais afetados por esse aumento nos gastos são as pessoas que recebem até 2 salários mínimos (40%). Já os que disseram estar gastando menos estão, principalmente, entre a faixa de 2 a 5 salários mínimos (38%).
Entre os entrevistados que disseram que já deixaram ou deixarão de pagar alguma dívida, a fatura do cartão de crédito (20%) foi a mais citada, seguida por contas básicas de casa (como luz e água, com 16%), aluguel e/ou condomínio (7%) e financiamento de algum bem (7%).
Sobre o impacto na renda do brasileiro, 39% dos ouvidos afirmaram que tiveram uma grande redução nos seus salários, 24% tiveram uma pequena redução e 37% disseram que não tiveram e não terão redução.
Ainda nesse aspecto, o levantamento mostra que as pessoas que tiveram os rendimentos mais atingidos são as de baixa renda. Entre os que ganham até 2 salários mínimos (R$ 2.090), 50% afirmaram que tiveram grande redução na renda. Entre quem ganha de 2 a 5 salários mínimos essa resposta foi de 34%. Por fim, entre os trabalhadores que recebem mais de 5 salários mínimos, 27% disseram que sua renda sofreu grande redução.
Isolamento social
A Consultoria Quaest também questionou seus entrevistados sobre o respeito ao isolamento social determinado e ainda em vigor na maioria dos estados do país.
Nos dados agregados, 59% disseram estar em isolamento completo em casa, 31% afirmaram fazer isolamento parcial (saindo algumas vezes) e 10% não estão fazendo qualquer tipo de isolamento.
A pesquisa mostra que o isolamento completo é mais respeitado entre as pessoas com 60 anos ou mais (76%) enquanto as pessoas que não fazem qualquer tipo de isolamento têm, principalmente, entre 25 e 34 anos (16%).
No recorte por posicionamento ideológico, o isolamento total é mais respeitado entre as pessoas que se declararam de esquerda. Destes, 67% disseram fazer isolamento completo em casa (eles representam 15% do total); entre os que se declararam de centro, 61% respeitam a medida (são 57% da base pesquisada); já entre os que se declararam de direita, 52% fazem isolamento completo – eles são 29% da base.
Um reflexo desse índice de isolamento é o aumento na compra de produtos e serviços por meio da internet.
A pesquisa mostra que os itens mais procurados são refeições e comidas prontas (36%), seguido por remédios (25%), entrega de gás ou água (20%), produtos de higiene e cuidados pessoais (14%), alimentos e bebidas não alcóolicas (14%) e cursos online (11%).
Outros itens, como produtos de limpeza, jogos, filmes e séries online, produtos para pet e bebidas alcoólicas são comprados por menos 10% das pessoas.
A pesquisa também perguntou o que as pessoas fariam nesse momento se fossem presidente do Brasil.
61% disseram que manteriam o isolamento de toda a população e abririam apenas estabelecimentos comerciais. 37% optariam por manter o isolamento apenas das pessoas em grupos de risco – como defende o presidente Jair Bolsonaro; e 2% afirmaram que não fariam qualquer tipo de isolamento e reabririam todo o comércio.
Avaliação dos governos
Os pesquisadores também mediram a opinião das pessoas em relação ao desempenho do país e dos governos durante esse período de crise.
Na opinião de 41% dos entrevistados, o Brasil está piorando (em março, eram 38%); já 39% disseram que o país está parado (eram 27% em março); e 20% disseram que está melhorando (eram 33% no mês passado).
Quanto ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), agora 45% consideram o desempenho dele negativo (eram 35% no começo de março); 31% acham que ele tem uma atuação positiva (eram 30%); e 24% o avaliam como regular (eram 34%).
A avaliação negativa do presidente foi de 79% entre os entrevistados que se declararam de esquerda, 53% entre os que disseram ser de centro e de apenas 12% entre os que se identificaram como de direita.
No sentido inverso, a atuação do presidente foi considerada positiva por 65% dos que dizem ser de direita, por 19% dos centristas e por apenas 10% de quem se identificou como de esquerda.
Na comparação com governadores e prefeitos, o desempenho do presidente foi considerado muito bom ou bom por 40% dos entrevistados. Já os governadores receberam essa avaliação 67% dos que opinaram. Por fim, os prefeitos também tiveram essa avaliação de 67% das pessoas.